O caminhoneiro envolvido no acidente que matou 39 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), em dezembro de 2024, usou cocaína, ecstasy e outras drogas, segundo um laudo divulgado dois dias depois. Arilton Bastos Alves foi preso no Espírito Santo, na manhã desta terça-feira (21). A tragédia envolveu um ônibus de viagem e um carro de passeio.
O exame detectou ainda MDA, alprazolam e venlafaxina no material biológico do condutor. Ao interpretar os resultados, os peritos concluíram que ele consumiu "cocaína e álcool etílico concomitantemente". Além disso, "há indícios de que o investigado tinha por costume conduzir veículo automotor sob efeito de bebidas alcoólicas".
"Ao ver do Juízo, diante destas informações, não há o que se falar em simples descuido ou inobservância de um dever de cuidado objetivo, mas em deliberada assunção de risco, mormente quando embalado pelo uso de drogas diversas", diz um trecho da decisão, assinada nesta segunda-feira (20) pelo juiz Danilo de Mello Ferraz.
COMO FOI O ACIDENTE?
O acidente ocorreu no dia 21 de dezembro. Na época, foi apontado que a tragédia ocorreu após um pneu do ônibus estourar, e o motorista perder o controle da direção e bater na carreta. Já a Polícia Rodoviária Federal informou que, possivelmente, um grande bloco de granito se soltou da carroceria da carreta e atingiu o ônibus que seguia no sentido contrário da rodovia.
Além disso, pessoas ouvidas ao longo das investigações negaram ter havido qualquer barulho de explosão de pneu no momento do acidente ou que o veículo tenha se desgovernado.
"Peritos criminais disseram que, em análise preliminar, constatou-se que uma das pedras se desprendeu do reboque, vindo a colidir com o ônibus da empresa Emtram, onde estavam as vítimas. Tudo indica que, em tese, o excesso de peso contribuiu para esse evento, assim como o excesso de velocidade praticado pelo condutor da carreta, sem que se possa desconsiderar, naturalmente, a condução de uma carreta sob o efeito de drogas diversas", diz um trecho da decisão judicial que decretou a prisão do motorista da carreta.
O QUE DIZ O OUTRO LADO?
"Ressaltamos que o caso ainda está em fase de investigação, não fomos cientificados dos fundamentos da prisão e que todas as providências jurídicas cabíveis serão tomadas para assegurar o devido processo legal, direito de defesa e a restauração da liberdade", disse a defesa de Arilton Bastos Alves.
O caminhoneiro fugiu do local da batida e se apresentou à polícia em 23 de dezembro, mas foi liberado. A Justiça afirmou que as investigações permitem concluir que a principal causa do acidente foi o "tombamento do segundo semirreboque da carreta sobre a contramão direcional e, subsequentemente, o desprendimento do bloco de granito e o seu choque frontal com o ônibus".