Uma idosa de 85 anos foi vítima de agressões, por muitos anos, por parte do marido, e passou a ser violentada pelo filho após a morte do companheiro. Ao Profissão Repórter desta terça-feira (26), dona Doraci Pereira relatou o testemunho de vida dolorosa que sofreu na mão dos acusados, e afirmou que se considera “uma sobrevivente”.
Doraci Pereira é atendida pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, e desde muito cedo foi vítima de violência doméstica. Há 50 anos, quando começou a apanhar do marido, não existia a Lei Maria da Penha.
“Essa violência começou quando eu era nova, com 35 anos. Meu marido bebia muito, e em um certo dia, era festa [aniversário] do meu filho. Ele [marido] me esfaqueou com uma faca muito grande. Me deu várias facadas até no rosto. Cortou os tendões do meu braço, e este aqui não sara nunca, sempre sai sangue”, explica dona Doraci Pereira.
Anos depois, o marido faleceu, e começou a ser violentada pelo próprio filho, que segundo ela, é usuário de drogas. Doraci conta que “não tinha mais coragem de fazer nada”, e que o “mundo” tinha caído para ela. Hoje, onde ela reside, desde 2012, mais 12 mil mulheres já passaram pelo local.
“Não tinha mais coragem de fazer nada, o mundo caiu para mim [...] Eu me considero uma sobrevivente, aos 85 anos, eu me sinto viva, me despertei pra vida”, disse dona Doraci.