Francisco das Chagas Nunes da Silva, de 28 anos, foi preso, e um adolescente de 16 anos, identificado como “Davizinho”, apreendido sob a acusação de envolvimento no assassinato da cabeleireira trans Aryadna Montenegro, de 23 anos. A vítima foi encontrada morta com o rosto desfigurado no bairro São Joaquim, zona Norte de Teresina, em 22 de julho.
A prisão de Francisco das Chagas foi registrada com exclusividade pela jornalista Mikaela Ramos e o cinegrafista Pangaré. Ao ser abordado pela repórter, Francisco negou participação no crime, afirmando: “Estou sendo acusado de uma coisa que não fiz”, e alegou não conhecer o responsável pelo homicídio.
A equipe também registrou o adolescente saindo da sede do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).
Investigação aponta crime de facção
De acordo com a delegada Nathália Figueiredo, titular do caso, o inquérito concluiu que quatro pessoas estão diretamente envolvidas no assassinato de Aryadna: Francisco das Chagas, o adolescente Davizinho, Carlos Daniel, o "Dedé", e Orlando da Costa Silva, conhecido como “Magnata”, que foi preso em 15 de agosto. A delegada explicou que o crime está relacionado à disputa entre facções criminosas, mas destacou que a vítima não era envolvida com nenhuma facção.
“Não que a Ariadna fosse de facção, mas era de um bairro que determinada facção se intitulava como dominante, e o fato de ela estar em outro bairro teria incomodado e, enfim, esse teria sido o desfecho fatal”, falou.
A investigação não encontrou provas de que Aryadna tenha sido alvo de um “tribunal do crime” — prática comum de julgamento dentro de facções. “Tudo indica que, no local, ela estava em um bairro dominado por outra facção e, por isso, foi assassinada.”
Detalhes sobre a participação dos suspeitos
A delegada indicou que todos participaram ativamente da violência contra Aryadna. “Todos teriam praticado a violência, mas, durante o interrogatório, dois afirmaram que o Davizinho, que é o adolescente, teria sido o mais violento.”
Quando questionada sobre a intenção dos agressores, Nathália foi categórica: “Pelas lesões causadas, a gente chega à conclusão que de fato não era somente lesionar, mas sim matar a vítima de forma cruel.”
Linha do tempo do crime
Conforme apurado pela investigação, Aryadna estava em um bar, onde chegou a fazer uma live no Instagram, consumindo bebidas alcoólicas e usando entorpecentes. Mais tarde, foi vista em um posto de gasolina acompanhada por Orlando, conhecido como “Magnata”. Imagens de câmeras de segurança confirmaram a presença dos dois no local.
Após saírem do posto, Orlando e Aryadna foram para o local onde o crime ocorreu, no bairro São Joaquim. Lá, segundo a delegada, estavam também Davizinho, Dedé e Francisco das Chagas, apelidado de “Chiquinho”. Foi nesse momento que a cabeleireira foi brutalmente assassinada.
Conclusão do inquérito
A delegada Nathália Figueiredo afirmou que o crime não teve motivação transfóbica. O inquérito foi encerrado e agora o caso está sob a análise do Ministério Público. “A parte da polícia encerra por aqui. Encerramos o inquérito e encaminhamos para a Justiça, que agora está à disposição do Ministério Público para fins de denúncia.”
Confissões e histórico criminal dos envolvidos
Durante os interrogatórios, os suspeitos negaram o crime, mas acabaram se contradizendo e apontando a participação uns dos outros. “Eles negaram participação, mas sempre apontando outro. Foi por isso que conseguimos as prisões. Davizinho foi acusado de ser o mais violento, mas está claro para nós que todos participaram. Os maiores de idade foram indiciados e o adolescente apreendido.”
Nathália Figueiredo também falou dos antecedentes criminais dos suspeitos. O adolescente Davizinho já havia sido apreendido anteriormente por roubo e é suspeito de envolvimento em outros homicídios. “Orlando, por exemplo, já foi investigado por outros homicídios. São pessoas com um histórico preocupante”, concluiu a delegada.