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Servidores da Strans excluíam multas de gestores e parentes em troca de gorjetas, diz Polícia Civil

A informação foi revelada durante coletiva de imprensa sobre a Operação Reset, que apura um esquema de corrupção implantado na gestão anterior da Prefeitura de Teresina.

Delegado-Geral da Polícia Civil do Piauí Luccy Keiko | Foto: Reprodução/TV Meio
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A Polícia Civil do Piauí afirmou nesta quarta-feira (23) que servidores públicos terceirizados da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS) excluíam ilegalmente multas de trânsito de autoridades e seus familiares em troca de gorjetas e favorecimentos. A informação foi revelada durante coletiva de imprensa sobre a Operação Reset, que apura um esquema de corrupção implantado na gestão anterior da Prefeitura de Teresina.

De acordo com o Delegado-Geral Luccy Keiko, pessoas ligadas à gestão do Prefeito Dr. Pessoa tiveram multas apagadas irregularmente do sistema da STRANS, enquanto motoristas comuns pagavam normalmente pelas infrações e tinham seus pontos computados nas carteiras de habilitação.

"Essas pessoas se utilizavam do sistema de dados para favorecer conhecidos ligados à antiga gestão. Enquanto isso, os demais cidadãos cumpriam as penalidades normalmente. Isso gerou prejuízo de mais de R$ 500 mil aos cofres públicos e um desequilíbrio no tratamento das infrações", afirmou o delegado.

A INVESTIGAÇÃO

As investigações apontam que entre fevereiro e junho de 2024, mais de 2.200 multas foram excluídas indevidamente, o que causou um prejuízo superior a R$ 503 mil ao município e a remoção de 12.393 pontos de CNHs de motoristas favorecidos.

O esquema começou a ser investigado após o ex-superintendente da STRANS, coronel Edvaldo Viana, receber um agradecimento informal de um cidadão por uma suposta exclusão de multa. Surpreso, o gestor solicitou uma auditoria interna, que revelou a fraude. O coordenador do DECCOR, delegado Ferdinando Martins, afirmou que a apuração identificou a atuação direta de servidores terceirizados e comissionados.

"As ordens eram executadas por terceirizados e chefes de setor. Agora, o foco é identificar de onde partiam essas ordens. Temos evidências de que houve pagamento de gorjetas e dinheiro para que as multas fossem apagadas" disse Ferdinando Martins.

Durante a operação, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária, mas um dos alvos, identificado como Lucas, está foragido. Outros dois investigados passaram a usar tornozeleira eletrônica enquanto respondem ao inquérito.

Os envolvidos podem responder por exclusão indevida de dados em sistema público, associação criminosa, além de outros crimes relacionados à corrupção. 

Strans se posiciona

Por meio de nota, a STRANS informou ao MeioNews que vem colaborando com as investigações desde o início da apuração. “Desejamos que todos os fatos sejam esclarecidos e que a justiça prevaleça em prol da sociedade teresinense”, declarou o órgão.

A Operação Reset é conduzida pelo Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), com apoio da Diretoria Especializada em Operações Policiais (DEOP) e da Seccional 2ª Divisão 2.

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