O relatório de inteligência da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo apontou que nove estados brasileiros dizem ter identificado “sinais concretos” da suposta trégua entre as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), entre eles o Piauí. O Globo teve acesso ao documento nesta quinta-feira (27).
SUPOSTA ALIANÇA
Os dados foram fornecidos pelas Polícias Militares de 26 estados e do Distrito Federal ao governo paulista. Além do Piauí, Minas Gerais, Amazonas, Acre, Roraima, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe confirmaram a existência da suposta aliança entre PCC e CV. Os demais estados afirmam não ter dados suficientes.
Na última terça-feira, um comunicado assinado pelo PCC e CV selou definitivamente a trégua, e circulou, pelo menos, nas periferias do Norte, Nordeste e Sudeste. Um interlocutor da liderança do Primeiro Comando da Capital confirmou as lesões ao site Globo.
Toda guerra, ao longo da história, teve início, meio e fim, e, graças aos esforços de muitos e a uma longa negociação, chegamos ao tão esperado fim [...] refazendo uma nova aliança pelo bem comum [...] incorporando ainda mais nossas fileiras nessa empreitada, lutaremos de mãos dadas por um só ideal, que é: o crime fortalece o crime, diz o comunicado, que ainda deixa em aberto o diálogo com outras organizações.
A trégua entre o PCC teria sido costurada nos presídios federais, pelos advogados dos líderes Marco Willian Herbas Camacho, o Marcola, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. As primeiras tratativas da conciliação ocorreram ainda em 2019, segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
SALVE
Os "salves" - avisos de que agora é proibido matar membros da facção oposta e invadir território alheio - não foi confirmada pelas forças de segurança.
A principal intenção do acordo entre as facções é combater as regras impostas pelo Sistema Penitenciário Federal. A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Sennapen) nega a trégua, e diz que está monitorando a situação.