O Ministério Público do Piauí (MPPI) reconheceu a “existência de indícios de crime doloso” na morte do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto e afirmou que o caso deve ser julgado pelo Tribunal do Júri. A vítima foi morta durante uma troca de tiros entre policiais militares, assaltantes e um suposto vigilante, em novembro de 2024, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina.
O Parquet toma ciência da decisão que declinou a competência da Vara da Justiça Militar Estadual para este Juízo, em razão da existência de indícios de crime doloso contra a vida de civil, consoante previsto no art. 125, §4º, da Constituição Federal. Contudo, considerando a complexidade dos fatos e o volume do inquérito policial militar ora redistribuído, o Ministério Público requer a concessão de prazo razoável para análise minuciosa dos autos, a fim de deliberar sobre o cabimento de eventual persecução penal, consta no pedido feito pelo MP.
FAMÍLIA AGUARDA PARECER JUDICIAL
Deus está ajudando e a gente está confiante que a justiça seja feita. Saber o que realmente aconteceu. Falam de indenização e em dinheiro, mas a família nem entrou com o processo. Estamos confiantes no trabalho da justiça do Piauí, disse Sâmia Araújo, irmã do caminheiro, ao MeioNews na manhã desta terça-feira (22).
O QUE É CRIME DOLOSO?
O caso do caminhoneiro, segundo o Ministério Público, envolve indícios de que houve dolo na morte — ou seja, que alguém agiu com intenção ou assumiu o risco de matar. Por isso, cabe ao Tribunal do Júri decidir se os responsáveis são culpados ou inocentes.
O CRIME
- O crime aconteceu em 11 de novembro de 2024, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina;
- Francisco teria sido morto em uma suposta troca de tiros entre assaltantes, policiais, e uma 3ª pessoa, que seria um suposto vigilante não localizado;
- Francisco estava descarregando o seu caminhão quando tudo aconteceu;
- Na época, três policiais chegaram a ser presos, mas soltos dias depois;
- No dia 2 de julho de 2025, a polícia fez uma reconstituição do crime; Em 7, foi realizada uma perícia nas imagens de câmeras de monitoramento.
O QUE DIZ O OUTRO LADO?
A família do caminhoneiro afirma que os tiros que mataram a vítima partiram dos policiais, no entanto, o advogado de defesa dos PMs, doutor Otoniel Bisneto, reitera o que foi apontado no laudo: o tiro que matou o caminhoneiro não teria partido dos PMs.
O que chama a atenção é que a família não quer aceitar que o tiro que matou o caminhoneiro partiu da esquerda para a direita (de cima para baixo) e provavelmente foi disparado por alguém que estava à sua esquerda. Não tem a menor chance dos tiros terem saído das armas dos policiais que estavam por trás do caminhão. Um tiro de ponto 40 não tem a capacidade de transfixar o caminhão [...] a família tem que entender que não foram os policiais que efetuaram o disparo que culminou com a morte do caminhoneiro. Eles têm que buscar o verdadeiro culpado pela morte, disse o advogado dos policiais, Otoniel Bisneto, ao MeioNews no dia 7 de julho.