Dois ex-vereadores de Teresina, cujo as identidades não foram reveladas, são suspeitos de movimentar cerca de R$ 14 milhões em um esquema de corrupção que teria sido liderado por Suelene da Cruz Pessoa, a Sol Pessoa, ex-assessora especial e ex-chefe de gabinete do então prefeito Dr. Pessoa. As investigações apontam que os ex-parlamentares integravam um grupo criminoso responsável por desviar recursos públicos e lavar dinheiro por meio de empresas e terceiros.
Esquema milionário e uso de “laranjas”
De acordo com a delegada Bernadete Soares, as investigações indicam que os ex-parlamentares e empresários envolvidos movimentaram vultosas quantias por meio de empresas e terceiros utilizados para ocultar o patrimônio.
“O que observamos é que o volume de dinheiro movimentado por esses agentes era muito alto. Um dos ex-parlamentares movimentou, apenas em 2022, cerca de R$ 5,2 milhões, e entre 2020 e 2023, o total chegou a R$ 14 milhões”, revelou Bernadete.
A delegada explicou que o grupo utilizava “interpostas pessoas”, ou seja, laranjas, para disfarçar a origem dos recursos e ocultar os verdadeiros beneficiários.
“Esse ex-parlamentar era o sócio oculto de uma empresa que mantinha contratos com o poder público e também com empresas privadas. Tudo indica que a intenção era dissimular a origem dos recursos e esconder o verdadeiro dono do dinheiro”, completou.
relembre o caso
A Polícia Civil do Piauí revelou, nesta terça-feira (14), detalhes de um esquema milionário de corrupção e lavagem de dinheiro supostamente articulado durante a gestão do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa. A operação, batizada de “Gabinete de Ouro”, apontou a movimentação de R$ 14 milhões por dois ex-vereadores, que teriam atuado em conjunto com Suelene da Cruz Pessoa, ex-chefe de gabinete e ex-assessora especial do então prefeito.
A Operação Interpostos, coordenada pelo Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária, além de determinar o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 75 milhões, entre imóveis de luxo, veículos e terrenos. Parte desse patrimônio, segundo a polícia, foi adquirido com recursos oriundos do desvio de verbas públicas.
As apurações começaram há cerca de um ano, a partir de denúncias anônimas sobre condutas ilegais dentro da Prefeitura de Teresina. O nome “Gabinete de Ouro” surgiu justamente pela suspeita de enriquecimento ilícito de pessoas ligadas ao alto escalão do Executivo municipal.
Segundo o DECCOR, o grupo utilizava servidores comissionados e terceirizados como operadores financeiros, desviando recursos públicos por meio de construtoras e prestadoras de serviço contratadas.
Delegados detalham a operação
Durante a coletiva de imprensa, o delegado Ferdinando Soares explicou que o caso começou a ser investigado ainda no final da gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa.
“Tudo isso foi iniciado ainda em 2024, no final da gestão do antigo prefeito de Teresina. O Lab enviou um relatório ao DECCOR indicando movimentações suspeitas, inclusive envolvendo o recebimento de imóveis por servidores. A partir disso, aprofundamos as investigações para demonstrar o vínculo entre os envolvidos”, afirmou o delegado.
Ele ressaltou que os quatro presos temporariamente tiveram suas participações identificadas e que o material apreendido será fundamental para comprovar o elo entre os agentes públicos e o esquema financeiro.
As investigações seguem em andamento, e novos desdobramentos não estão descartados. O DECCOR deve agora aprofundar a análise do material apreendido e dos relatórios financeiros para esclarecer o destino final dos valores desviados.