A Delegada Eugênia Villa, da diretoria de Avaliação de Risco Sociais da Secretaria de Segurança do Piauí e também idealizadora do Salve Maria, relatou que muitas mulheres que são vítimas de violência doméstica costumam romantizar as agressões por parte do companheiro. Em entrevista ao Jornal da Tarde Piauí, na TV Jornal, ela destacou que “o feminicídio é a licença para matar”.
Durante a entrevista, ela mencionou o caso da estudante de Direito Victoria Soares, que foi agredida pelo namorado, o empresário Matheus Alencar na última quarta-feira (10), em Teresina. A Delegada Eugênia Villa destacou que o feminicídio está rejuvenescendo e atingindo mulheres mais jovens no Brasil e no Piauí, consequências de uma romantização da agressão.
“A gente vê uma romantização da violência, do cenário de violência, isso é muito comum. Nas estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 40% das mulheres responderam que sofreram violências graves e não tiveram tanto apoio. Na ordem, 12% procuraram familiares, e veja, a família da Victória relata que viu algumas manchas roxas de quando a jovem era agredida”, disse a delegada.
Questionada sobre como evitar essas agressões e ter a mulher mais disposta a procurar ajuda, a Delegada Eugênia Villa ressaltou a importância de cuidar enquanto criança. Com uma linguagem litúrgica e de fácil compressão para criança, a família deve ensinar e dialogar a respeito de casos assim.
No Piauí não há dados alarmantes sobre casos em que medidas protetivas foram descumpridas levando a morte da vítima, segundo a delegada. Ela relata que essas medidas têm gerado efeito positivo.
“Eu costumo dizer que esse dado não dialoga com Piauí, de mulheres que têm medidas e são assassinadas, não bate no Piauí, ainda é um radar, a gente precisa acreditar que pode acontecer, precisa estar com o pé atrás. As mulheres com medidas protetivas de urgência tem gerado efeito de evitar o feminicídio. A morte nos acompanha, ela vai acompanhar aquela mulher (Victoria Soares) onde ela estiver. Porque é o sentimento, a vontade de matar que vai para além do desejo, no relacionamento abusivo”, explica a delegada.
ROMANTIZAÇÃO DA AGRESSÃO
A Delegada Eugênia Villa explicou também sobre a romantização das agressões, que muitas mulheres sofrem. Ela dá detalhes sobre o sentimento criado pelo agressor para querer realçar o relacionamento, que usa da sensibilidade que a mulher tem para conquistar novamente. A delegada pontuou o caso de Victoria Soares em ser vítima de agressões por meses, se menosprezando, pensado que o companheiro fosse melhorar, resultando no ocorrido.
“Ele vai reconhecer que estava errado, vai enviar flores, vai apelar pra nossa sensibilidade, porque nós infelizmente temos um campo emocional muito aguçado. Nós romantizamos tudo, passamos a ele o que a gente sente. Nós achamos que o nosso companheiro jamais vai nos agredir”, conta.
Questionada pelo Jornal da Tarde Piauí sobre o agressor sempre se sobressair com um laudo comprovando que ele tem algum problema de saúde, ela destaca, especificamente no caso do caso da estudante de Direito Victoria Soares, que o agressor “é um homem normal, bom filho, bom amigo de trabalho. Ele é normal”.
“Mulher, qualquer ação para reduzir sua esfera de liberdade, tua vontade, teu desejo, é violência, começa assim. Tudo é diálogo, se não aguentar ficar com a mulher inteligente, larga ela, da mesma forma o homem”, completa..