O caso envolvendo o desaparecimento do pequeno Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses, segue cercado de mistério. Uma decisão da Justiça, proferida em 2 de outubro, descartou a hipótese de que o bebê teria sido sacrificado em um suposto ritual satânico por ordem de um tio intitulado “profeta”, de 12 anos. O caso ocorreu em 2021, em Teresina.
A materialidade e a autoria do ato infracional imputado aos representados não restaram suficientemente comprovadas com as provas produzidas nos autos. A instrução processual se resumiu às oitivas dos representados e ao depoimento judicial da conselheira tutelar Maria do Perpetuo Socorro que reproduziu relato da mãe da vítima sobre a existência de práticas religiosas, como cultos e jejuns [...] não tendo sido produzida qualquer outra prova que pudesse confirmar, de forma objetiva e segura, os fatos narrados na representação ministerial, consta na decisão obtida pelo MeioNews.
ENTENDA O CRIME
- Em 21 de dezembro de 2021, os pais de Wesley alegaram que ele foi sequestrado na Praça da Bandeira, zona Norte de Teresina. Esta versão foi descartada pela polícia;
- 43 dias depois, os pais decidiram se manifestar acerca do sequestro;
- Em 2022, os pais e os avós paternos foram presos, acusados de sacrificar o bebê em um ritual na zona Rural de Altos, influenciados por um “profeta” de apenas 12 anos;
- Em março de 2022, outras 7 pessoas foram detidas. A polícia concluiu que Wesley passou semanas sem comer e foi oferecido no ritual, morto carbonizado (o que foi descartado agora);
- Atualmente, as 11 pessoas (pais, avós, tios e sobrinhos) estão soltos e o paradeiro do bebê nunca foi descoberto; no entanto, os processoes continuam sendo avaliados;
- Em maio, a mãe foi absolvida.
MISTÉRIO
Com a decisão, a Justiça descartou a hipótese de sacrifício em ritual e absolveu quatro pessoas, incluindo o chamado “profeta”, conforme informou o advogado Smailly Carvalho ao MeioNews. O caso do desaparecimento do bebê envolve dois processos: um contra esses quatro adolescentes e outro envolvendo os pais e avós da criança.
Essa decisão aí é um processo que ocorre, que estava correndo à parte ao processo dos pais [...] só que é juntado o mesmo processo, as mesmas provas, as mesmas testemunhas, e o juiz, responsável pelo processo dos menores, entendeu pela negativa da materialidade. Ele informa aí que a materialidade não resta comprovada, ou seja, o crime não está comprovado, disse.
Entenda mais sobre o caso:
O QUE FALTA ESCLARECER?
Toda a família está solta. Segundo o advogado Smailly Carvalho, a polícia seguiu apenas uma linha de investigação e não encontrou provas de qualquer ritual. Ele acredita que, na verdade, Wesley teria sido vítima de uma “adoção à brasileira”.
O que se tem são falas da mãe, mas a mãe também trouxe outras versões que não foram investigadas. O próprio sequestro não foi investigado, nós nos manifestamos dentro do inquérito solicitando outras linhas de investigação, que não foram realizadas, inclusive uma adoção à brasileira [...], ou seja, a mãe trouxe várias versões, pegou-se apenas a versão que se fala de um ritual, disse.