Audiência do caso Lokinho traz versões diferentes sobre quem dirigia carro no momento do acidente

Durante o julgamento, os advogados de acusação reforçaram a tese de dolo eventual no duplo homicídio de Kassandra de Sousa Oliveira e Marly Ribeiro da Silva.

Lokinho durante audiência de instrução | Reprodução/TV Meio
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Nesta quinta-feira (19), foi realizada a audiência de instrução e julgamento do influenciador digital Pedro Lopes, conhecido como “Lokinho”, e seu namorado, Stanlley Gabryell, na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina. Durante a audiência, 10 pessoas foram ouvidas, e uma delas declarou ter visto Lokinho dirigindo o carro no momento do acidente.

Os advogados de acusação reforçaram a tese de dolo eventual no duplo homicídio de Kassandra de Sousa Oliveira e Marly Ribeiro da Silva. 

 A DENÚNCIA

De acordo com a denúncia, Stanlley, que não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH), dirigia o veículo no momento da colisão. O carro teria sido entregue a ele por Pedro Lopes. Ambos respondem pelos crimes de duplo homicídio com dolo eventual e lesão corporal grave.

CONTRADIÇÕES: QUEM DIRIGIA O CARRO?

O advogado Josélio de Oliveira, representando a família de Kassandra de Sousa, reiterou a tese de dolo eventual e apontou pontos controversos no caso, como de uma testemunha que afirma ter visto Lokinho ao volante.

“Existe um ponto controverso nessa versão. Existem algumas câmaras que foram abordadas também. Existem testemunhas que viram ele saindo do carro e temos isso aí para levar ao plenário. Se ele for pronunciado, a gente vai deixar aqui conselho da sentença dê dessa decisão final. A tese existe, mas existem dúvidas", falou.

O Ministério Público e a assistência de acusação, conforme o advogado, seguem atentos à essa controvérsia.  “A assistência de acusação está exatamente vendo isso, porque existe um testemunho que viu o momento, estava 20 metros antes do deslocamento. Ele nega isso, mas a gente tem essa tese que ele estava na condução", comentou Josélio.

Ele também disse que os acusados assumiram o risco de provocar o acidente. “Estamos otimistas porque foi uma conduta dolosa, eles assumiram o risco de provocar o acidente em detrimento do deslocamento do carro", finalizou o advogado.

O que diz a defesa de lokinho

Leonardo Queiroz, advogado de defesa de Lokinho, reclama que o acidente não se tratou de dolo eventual, mas de uma infração de trânsito regida pelo Código de Trânsito Brasileiro.

 “Foi um dia de inquirições intensas, né? Onde 10 pessoas foram ouvidas aqui perante o juízo da vara do júri e ao final da instrução processual nós entendemos que restou afastada a hipótese acusatória de que se trata de um crime na modalidade de dólar eventual, ou seja, quando a pessoa assume o risco de causar aquele resultado e é indiferente àquele resultado”, afirmou Queiroz.

Ele reforçou que não há elementos que caracterizem a indiferença ou a assunção de risco por parte dos acusados. “Nenhum elemento processual aponta para esta conduta de indiferença, tampouco de assunção de qualquer risco danoso. O que aconteceu foi um acidente de trânsito", disse.

O advogado argumentou que a responsabilidade de Lokinho no caso se limitou a entregar o veículo para Stanley, seu companheiro, afastando a possibilidade de dolo eventual em sua conduta.  “Não dá pra dizer de que por si só, houve a assunção de risco danoso. E, em relação ao Stanley, o Stanley era o motorista do veículo. Ficou esclarecido pelo policial rodoviário federal, que não havia embriaguez e nem uso de droga", continuou.

Leonardo questionou o depoimento de uma testemunha que afirmou ter visto Lokinho ao volante. Segundo ele, as imagens anexadas ao processo mostram que a testemunha estava de costas para o veículo.  “A testemunha que relatou isso aqui no processo, verificando as imagens que estão acostadas aos autos, é impossível que ela tenha tido essa visão. Até porque estava de costas para o veículo no momento que o veículo se aproximava e houve a colisão", destacou.

FALTA DE DINHEIRO

Outro ponto levantado foi a impossibilidade dos acusados de ajudarem financeiramente as vítimas. Segundo o advogado Jairo Braz, “não é por falta de vontade, mas sim por falta de possibilidade". 

"Todas as contas bancárias e fontes de renda do Pedro estão bloqueadas diante de um outro processo. E o senhor Stanley se encontra preso, impossibilitado de trabalhar e arcar com qualquer responsabilidade. O senhor Pedro se comprometeu, perante todos e a família das vítimas, de que, ao conseguir recuperar o carro apreendido no dia do acidente, o valor será destinado para ajudar as famílias das vítimas", disse ele.

proximos passos

Com o fim da audiência de instrução, o caso segue para a fase de alegações finais, em que o Ministério Público, a assistência de acusação e a defesa apresentarão seus argumentos. Em seguida, a juíza decidirá se o caso será encaminhado ao Tribunal do Júri.

Enquanto isso, Lokinho não se manifestou à imprensa após a audiência, e Stanlley segue preso preventivamente. A expectativa é que o caso avance apenas após o recesso forense.

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