Tumulto no aeroporto de Cabul deixa mortos; voos comerciais são cancelados

Vídeos publicados nas redes sociais mostram cidadãos afegãos tentando entrar em aviões para deixar o país. Militares norte-americanos dispararam para o alto para conter multidão.

aeroporto | reprodução
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Um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos nesta segunda-feira (16), quando uma multidão tentava embarcar em aviões para deixar o Afeganistão, agora dominado pelo Talibã. O número de mortos não foi confirmado.

Segundo relatos de testemunhas, cinco pessoas foram mortas, sem explicar se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão. O jornal "The Wall Street Journal" fala em três mortos por armas de fogo.

As pessoas estão tentando deixar o país após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente fugiu do Afeganistão e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15).

Afegãos se aglomeram na posta no aeroporto de Cabul - Foto: AFP

Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tirou o grupo extremista do poder.

O governo do então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã em fevereiro de 2020, que previa a retirada total das tropas do país em abril deste ano.

O atual presidente, Joe Biden, manteve a decisão e adiou a saída completa do Afeganistão para o fim deste mês. Com a saída dos EUA, o Talibã rapidamente reconquistou o poder.

Situação no aeroporto

Os voos comerciais foram cancelados, e apenas viagens militares ocorrem no local. "Por favor, não venha para o aeroporto", disse uma autoridade do aeroporto.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram várias pessoas tentando entrar em aeronaves que estavam prestes a deixar o Afeganistão.

Durante o tumulto, tropas dos EUA, que estavam no aeroporto para ajudar os cidadãos americanos a embarcarem, atiraram para o alto.

"A multidão estava fora de controle", afirmou um oficial.. "O disparo foi feito apenas para neutralizar o caos."

Mais de 60 países, incluindo EUA, Alemanha, Japão e França, publicaram um comunicado em que fazem um apelo para que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o Afeganistão em segurança.

'Situação pacífica' e diálogo com a Rússia

Autoridades do Talibã disseram nesta segunda que não receberam relatos de confrontos em todo o país desde que tomaram Cabul.

"A situação é pacífica, de acordo com nossas informações", disse um dos principais membros do grupo extremista.

O encarregado russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou nesta segunda que o embaixador de seu país em Cabul se reunirá na terça-feira (17) com os talibãs e que a Rússia decidirá se reconhece ou não o governo do Talibã de acordo com suas "ações".

"Nosso embaixador está em contato com líderes talibãs e amanhã se reunirá com o coordenador do Talibã", disse Kabulov à rádio Ekho Moskvy. "O reconhecimento ou não dependerá das ações do novo regime."

Rápido avanço do Talibã

A queda do governo afegão para o Talibã ocorre 20 anos depois de o grupo extremista ser expulso de Cabul pelos Estados Unidos, que invadiram o país dias após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, havia anunciado a retirada de todas as tropas do país até o fim do mês.

O Talibã avançou rapidamente depois de que a maior parte das forças lideradas pelos Estados Unidos deixaram o país em julho, e a queda de Cabul ocorre antes do previsto pelas autoridades norte-americanas.

Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência norte-americanos era de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.

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