MÔNICA BERGAMO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O Supremo Tribunal Federal (STF) já dispõe de informações que indicam que o descumprimento de decisões da corte pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) agravou a crise humanitária vivida pelos yanomamis.
As evidências põem em xeque a defesa apresentada pelo ex-presidente na última semana. Por meio de uma rede social, Bolsonaro afirmou que a saúde indígena foi uma das prioridades de seu governo e que as críticas feitas a ele seriam "mais uma farsa da esquerda".
O próprio magistrado chegou a tratar do tema, em diversos momentos, com os então ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Walter Braga Netto (Defesa) e com o então advogado-geral da União, Bruno Bianco. Todos asseguraram a Barroso estar empenhados na adoção de políticas públicas.
Embora a gestão do ex-mandatário tenha dito que realizou ações de saúde e de vigilância alimentar e nutricional junto ao povo yanomami, informações reunidas pelo STF apontam que as medidas não seguiram o planejamento aprovado e foram, sobretudo, deficitárias.
Região com 30 mil habitantes em Roraima, a Terra Indígena Yanomami vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.
O quadro de desassistência em saúde no território é agravado pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros invasores na área demarcada.
Na terça-feira (24), representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se reuniram com a equipe do ministro Luís Roberto Barroso, para cobrar a retirada de garimpeiros ilegais no território yanomami.
Além da retirada de invasores, eles pediram a liberação de verbas extraordinárias para garantir a realização das operações na terra indígena.