A qualidade e os altos preços das acomodações oferecidas pelo Brasil para a COP30, em Belém, geraram insatisfação entre delegações internacionais e levaram a uma reunião de emergência na ONU na semana passada. As principais reclamações se concentram na falta de opções adequadas, como quartos de motéis adaptados e casas com camas de casal compartilhadas entre desconhecidos.
Plataforma
🌍 Segundo a Secretaria Executiva da COP30 (Secop), a plataforma oficial de hospedagem foi lançada em julho com 2,5 mil leitos disponíveis para os 196 países participantes. A expectativa era que o site ajudasse a conter os preços inflacionados praticados por hotéis e pousadas da região, mas isso não se confirmou. A diária mínima atualmente é de US$ 200 (cerca de R$ 1,1 mil), valor ainda acima do orçamento de delegações de países em desenvolvimento.
Críticas
A situação levou representantes como Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, a criticar publicamente a falta de acessibilidade nas hospedagens. Em resposta, o governo federal divulgou a plataforma como uma solução viável, prometendo 53 mil leitos, dos quais mais de 60% estão em casas residenciais adaptadas para aluguel temporário. No entanto, na prática, a quantidade de acomodações segue limitada e cara.
Acomodações
Nesta terça (5), o site oficial apresentava pouco mais de 700 acomodações disponíveis — número inferior ao registrado na semana anterior. A opção mais barata continua sendo motéis com diárias de US$ 410 (cerca de R$ 2,1 mil), exigindo hospedagem mínima de 15 dias, o que eleva o custo total para quase R$ 34 mil. Delegações apontam que quartos com cama de casal, mesmo para duas pessoas, são inviáveis, já que os enviados não viajam em pares conjugais.
Motivo da escolha
A escolha de Belém para sediar a COP30 foi anunciada como um marco simbólico: uma COP realizada no coração da Amazônia. Entretanto, o evento enfrenta o desafio da infraestrutura. A cidade conta com cerca de 4 mil quartos de hotel, número que não atende nem 10% da demanda esperada, estimada em mais de 50 mil visitantes. Mesmo considerando a região metropolitana, a distância e a logística ainda complicam o acesso ao local da conferência.
Subsídios
Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o problema não foi resolvido e pode ter sido agravado. Ele afirma que, ao promover hospedagens com apoio federal, como os navios e as casas particulares a preços elevados, o governo contribuiu para consolidar um padrão caro em Belém. A própria organização da COP já cogita solicitar aumento nos subsídios da ONU para garantir a presença de países menos favorecidos no evento.
Disponibilidade
Segundo o governo federal, Belém tem 53 mil leitos disponíveis, divididos em:
- Hotéis na capital e região metropolitana: 14.547
- Navios: 6 mil
- Residências de temporada via imobiliárias: 10.004
- Airbnb: 22.452
Mais de 32 mil acomodações são casas. Isso representa 60% da oferta total.
Principais reclamações
- Leitos compartilhados em um mesmo quarto (seja em casas ou motéis);
- exigência de tempo mínimo de 15 dias, nem todos os delegados precisam ficar o evento todo;
- valores acima dos US$ 70 dólares;
- localização afastada do local do evento (Parque da Cidade).
(Com informações do G1)