Proprietária de cinco fazendas de gado no estado de Goiás, Roseli Tavares faz história. Ela representa uma parte do agronegócio que deixou de lado o "complexo da botina suja". A fazendeira relata que os mais evoluídos não têm complexo. "Mas em muitos lugares, se você vem da fazenda, de botina suja, o povo estranha. Olham muito o visual".
Herdeira de Arlindo Tavares, um dos maiores pecuaristas do país, essa mineira integra o setor da economia que não conhece crise e que deve ter crescimento este ano, de acordo com estimativa de especialistas, de 8% de aumento do PIB do agronegócio.
Para Roseli Tavares, muitos fazendeiros ricos "até hoje se acham jeca" e têm vergonha, por exemplo, "de entrar nos lugares chiques de São Paulo". Mas esse não é o seu caso, pois com sua experiência de 62 anos de vida, chegou à conclusão de que o importante é, na verdade, "ter um cartão de crédito bom", sem limite.
Roseli comenta que já foi questionada se era parente de Nerso da Capitinga. Com seu jeito sincero e decidida, ela diz que é responsável pelos negócios. "Quem negocia sou eu. Meu esposo só cuida de papéis, dos meus contadores e tal. Eu que vou pra leilão, compro gado e negocio tudo. Modéstia à parte, ponho homem no chinelo", relata, confiante.
Complexo de caipira? Nenhum. Ela confessa que conhece muita gente que nutre esse complexo, citando,inclusive, suas irmãs que se consideram jeca e têm vergonha de ir a lugares chiques. "Eu chego desbancando", conta.
Quando chega aos lugares chiques para comprar algo, em São Paulo, ou qualquer outra metrópole, ela vai direto e diz o que procura e se identifica como pecuarista. Então, o jogo muda e as pessoas passam a encará-la de forma diferente e enfatiza que quando se tem um bom cartão de crédito, entra em qualquer lugar no mundo. "Vou ter vergonha de vendedora? De garçom? Uai, pera aí, eu tô pagando!".