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Produção em Alagoas faz do Brasil o maior produtor de sururu do planeta

Antes visto apenas como um símbolo da culinária e da cultura nordestina, o sururu passou a ocupar espaço estratégico no debate sobre alimentação sustentável.

Alagoas lidera produção e Brasil domina o mercado mundial de sururu | Foto: Reprodução
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O Brasil consolidou-se como o maior produtor de sururu do mundo, alcançando uma marca superior a 15 mil toneladas anuais. Nenhum outro país consegue igualar esse volume, o que coloca o molusco entre as proteínas naturais de maior relevância econômica no território nacional. Alagoas é o principal polo dessa atividade e concentra um modelo de extração singular, desenvolvido a partir da relação histórica entre comunidades e o ambiente lagunar.

Antes visto apenas como um símbolo da culinária e da cultura nordestina, o sururu passou a ocupar espaço estratégico no debate sobre alimentação sustentável. A combinação de baixo custo, alto valor nutricional e forte impacto social elevou o molusco a um novo patamar dentro da economia brasileira. A escala produtiva alcançada no país não encontra equivalência no cenário internacional.

Conhecimento ancestral guia a coleta

A jornada de trabalho começa ainda de madrugada, quando pequenas embarcações atravessam as águas silenciosas. Marisqueiras e pescadores avançam guiados por um saber construído ao longo de gerações, que envolve a leitura precisa da maré, da salinidade e da temperatura da água. Cada detalhe é interpretado como um código natural indispensável para o sucesso da coleta.

Esse domínio do ambiente é decisivo para a produtividade. Marés extremas podem comprometer a navegação ou dificultar o acesso aos bancos naturais de sururu. O equilíbrio é encontrado pela experiência de quem repete os mesmos gestos há décadas e sabe exatamente o momento certo de agir.

Quando a coleta começa, o trabalho ganha ritmo coletivo e organizado. As mãos mergulham no sedimento em movimentos seguros, retirando apenas o necessário. Os trabalhadores sabem identificar as áreas mais produtivas, aquelas em recuperação e os espaços que precisam permanecer intocados para garantir a renovação ambiental.

Após a retirada, o sururu segue para o beneficiamento, etapa que envolve toda a comunidade. Nas casas de processamento, homens e mulheres de diferentes idades participam da limpeza, fervura e separação do molusco. O miolo é preparado e organizado em lotes, completando um ciclo produtivo que une tradição, sustentabilidade e geração de renda.

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