Aberto ao público pela primeira vez em 2007 e inaugurado em 2008, o Museu do Divino passa agora a integrar o Museu ‘Casas de Amarante’, que abriga nove casarões históricos da cidade e deve ser inaugurado em setembro.
O acervo do museu está presente desde a entrada, que preserva a memória da sua fundadora, ao primeiro dos mais de 50 oratórios, bandeiras e estandartes usadas na procissão da festa do Divino, móveis do século XIX entre eles um armário com mais de 200 pingentes e terços e uma cristaleira, uma capela, miniaturas do Divino Espírito Santo, quadros que representam a festa do Divino e a paisagem de Amarante, entre muitos outros itens.
Fruto de acervo pessoal da família de Dona Dedé e de doação de outros moradores de Amarante, o acervo hoje conta com aproximadamente mais de 500 itens, que ainda não foram inventariados. Somente oratórios são mais de 50, que ficam em dois quartos da casa. O museu tem, ao todo, quatro cômodos abertos à visitação e uma pequena capela.
Quem visita o museu do Divino em Amarante é marcado por um forte sentimento de fé que foi repassado de geração para geração e que permeia toda cidade de Amarante. Os visitantes também podem deixar a sua marca no local, assinando o livro de presença, que por sinal, já foi assinado por visitantes de todo o Brasil e de países como Estados Unidos.
HISTÓRIA DA FESTA DO DIVINO
A festa do Divino Espírito Santo, em Amarante, se tornou uma tradição popular dos moradores e acontece no Domingo de Pentecostes, exatamente 50 dias após o domingo de Páscoa. Mas somente a partir de 1954 Dona Dedé (Josefa Pereira de Araújo) resolveu ressignificar a cultura quando deu início a uma coleção de objetos relacionados à religiosidade popular em torno do Divino Espírito Santo e da representação que eles têm para a população de Amarante.
Após sua morte, em 1984, a casa da família continuou a receber objetos religiosos e foi mantida pelos sobrinhos Raimunda Nonata Pereira da Costa, a professora Mundinha, e Marcelino Leal Barroso de Carvalho. Em 2008 foi instituído como museu, o primeiro de iniciativa privada do gênero religioso, no Brasil.
A casa em que funciona o Museu do Divino integra o conjunto histórico e paisagístico de Amarante, em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O Museu Casas de Amarante integra a segunda etapa do projeto VivAmar, que será inaugurada no mês de setembro pelo prefeito Diego Teixeira. A primeira etapa, a requalificação da escadaria Da Costa e Silva com uma intervenção artística do grupo Cactus, foi entregue no mês de agosto.
O roteiro do projeto pioneiro no Brasil inclui o Museu do Divino, Museu da Dança, Museu da Igreja Batista, Museu da 1ª Botica do Piauí e mais cinco casarões espalhados pela cidade, como explica o arquiteto Paulo Vasconcelos, responsável pelo projeto. “Cada casa tem a sua própria atração. Temos uma barbearia de época, que ainda funciona, portanto, um museu vivo. Temos também uma botica e uma casa dedicada às danças de Amarante, que é uma marca cultural da cidade”, afirma o arquiteto Paulo Vasconcelos que assina o projeto.
Ao todo, são nove pontos de visitação. Portanto, nove casas. Algumas são patrimônio municipal da Prefeitura, outras são propriedades particulares, mas todas elas serão integradas e articuladas num programa de visitação, com guias e legendas padronizadas. “Isso é interessante porque gera uma sinergia, faz com que as pessoas tenham que andar na cidade, visitando o centro histórico”, completa o arquiteto.