Mundo caminha para suicídio planetário, diz climatologista

Alcançar a redução de 43% nas emissões até 2030 já é um desafio, dado o crescimento contínuo das emissões e a forte dependência global de combustíveis fósseis.

Climatologista Carlos Nobre | Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O climatologista Carlos Nobre, referência mundial no estudo de mudanças climáticas, avalia que as propostas apresentadas na COP29, em Baku, Azerbaijão, têm sido insuficientes. Ele alerta que as metas atuais de redução das emissões de gases de efeito estufa, conforme o Acordo de Paris, ainda não alcançam o necessário para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. A meta é ambiciosa, mas Nobre enfatiza que já estamos há 16 meses com o planeta 1,5°C mais quente, o que sugere um risco alto de essa temperatura se tornar permanente.

Desafio

Alcançar a redução de 43% nas emissões até 2030 já é um desafio, dado o crescimento contínuo das emissões e a forte dependência global de combustíveis fósseis. Mesmo que essa meta seja atingida, Carlos Nobre observa que só será possível limitar o aquecimento global a cerca de 2,5°C até 2050. Ele reforça que, sem uma aceleração significativa nos esforços, as consequências serão catastróficas, com o planeta seguindo rumo a um "suicídio planetário".

Brasil

Na COP29, poucos países atualizaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) conforme exigido, com prazo final até fevereiro de 2025. O Brasil, país-sede da próxima COP, foi um dos poucos a revisar suas metas recentemente, com o vice-presidente Geraldo Alckmin apresentando a proposta brasileira. Nobre destaca que a atual conferência deve enfrentar essa realidade e se concentrar no debate sobre os riscos de um aumento de até 2,5°C até 2050.

Eventos extremos

O cientista alerta também sobre os eventos climáticos extremos, que se intensificam globalmente, afetando inclusive países desenvolvidos. Eventos como furacões e chuvas extremas têm causado grande devastação, com tragédias recentes nos Estados Unidos e na Espanha, destacando a urgência de uma ação mais decisiva. Nobre enfatiza que os países mais pobres, particularmente vulneráveis a esses eventos, precisam estar no centro das discussões sobre adaptação climática.

Situação brasileira

Além das metas de redução, Nobre aponta a importância de políticas públicas que incentivem o consumo consciente, permitindo que a população também contribua. No Brasil, ele observa que 75% das emissões derivam do desmatamento da Amazônia e do Cerrado, enquanto a agropecuária responde por outros 25%. No entanto, já existem opções sustentáveis, como carne de baixa emissão e pecuária regenerativa, cuja lucratividade permite que o preço permaneça competitivo.

Escolhas sustentáveis

Tecnologias acessíveis, como energia solar e veículos elétricos, também têm demonstrado viabilidade econômica no Brasil. Nobre destaca que essas alternativas já se mostram vantajosas financeiramente em comparação com as opções baseadas em combustíveis fósseis. Ele defende que, em uma sociedade democrática, é lógico e necessário optar por essas escolhas sustentáveis, promovendo uma liderança em direção a um futuro com baixas emissões. (Com informações da Agência Brasil)

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