Ministério determina e PF vai investigar ameaças a repatriados de Gaza

A defesa de Hasan pretende processar aqueles que o atacaram nas redes sociais, incluindo a deputada Carla Zambelli.

Hasan Rabee, um dos repatriados, relatou ter recebido mais de 200 mensagens de supostos detratores | Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou à Polícia Federal para que as ameaças dirigidas aos brasileiros repatriados da Faixa de Gaza no início desta semana sejam investigadas. A decisão foi anunciada pela Secretaria Nacional de Justiça, liderada por Augusto de Arruda Botelho, que está à frente da operação de acolhimento do grupo. As denúncias de ataques xenófobos, ameaças de morte e injúrias raciais estão sendo apuradas e serão encaminhadas para investigação pela Polícia Federal.

Hasan Rabee, um dos repatriados, relatou ter recebido mais de 200 mensagens de supostos detratores desde sua chegada ao Brasil. Mensagens de teor xenófobo, ameaçando de morte e envolvendo calúnia e injúria racial foram compartilhadas com o Ministério dos Direitos Humanos. A defesa do grupo solicitará ao Ministério dos Direitos Humanos a inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, além de pedir ao Ministério da Justiça a concessão de escolta policial.

As ameaças são atribuídas a publicações antigas de Hasan, incluindo uma que insinuava apoio ao terrorismo, datada de 2015. Hasan afirmou ao Jornal Nacional que não se lembra da publicação e que pode tê-la feito impulsivamente. Além disso, ataques foram direcionados a Hasan por sua associação com o ex-presidente Lula e a agradecimento a ele pela operação de repatriação, o que gerou discordância sobre a autoria da ação.

A defesa de Hasan pretende processar aqueles que o atacaram nas redes sociais, incluindo a deputada Carla ZambelliA advogada Talitha Camargo da Fonseca destaca a propagação de discurso de ódio em massa no país e afirma que as pessoas responsáveis pelos ataques serão responsabilizadas criminalmente e na área cível pelos danos.

"Nós vamos processar. É inadmissível que exista impunidade. Cada vez que há impunidade, essas pessoas se sentem mais empoderadas [em promover ataques]. Hoje é a família do Hasan, mas deve sair uma segunda lista [de futuros repatriados]. E essas pessoas que estão vindo, também vão passar por isso?", diz Fonseca.

A Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil em São Paulo será acionada para investigar os perfis que dispararam os ataques. O Ministério dos Direitos Humanos está disponível para acolher pedidos de proteção dos brasileiros, reforçando a condenação de manifestações de ódio e destacando a inadmissibilidade do antissemitismo, islamofobia e qualquer forma de preconceito. O grupo de 32 brasileiros e palestinos foi repatriado após enfrentar desafios e incertezas na Faixa de Gaza.

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