Vestígios de material genético coletados nas sedes dos três Poderes, no dia 8 de janeiro deste ano, levaram à acusação de 31 pessoas de vandalismo ao patrimônio público e outros crimes relacionados ao atentado Procuradoria-Geral da República (PGR). Os fragmentos foram confrontados com amostras recolhidas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) presos no acampamento em frente ao QG do Exército na manhã do dia seguinte.
A Polícia Federal produziu dezenas de laudos e perfis genéticos, a partir das análises de quase 1.400 amostras biológicas dos presos. O processamento do material coletado levou à elaboração de 1.385 perfis genéticos: 896 de pessoas do sexo masculino e 489 do sexo feminino.
Entre os itens analisados estão meia, batom, camisas, toalha de rosto, máscaras de proteção facial, bandeiras, barras de metal, garrafas de água, latas de refrigerantes, bitucas de cigarro e restos de sangue. As 31 pessoas já haviam sido denunciadas pela PGR e respondiam a ações penais por dois crimes: associação criminosa e por incitar as Forças Armadas contra os Poderes constituídos.
Agora, com itens periciados, será possível sustentar a acusação de participação desses suspeitos na invasão e depredação dos prédios. A Procuradoria já encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) aditamento aos processos, com base nos novos laudos técnicos produzidos pelos peritos da Polícia Federal.
A PGR pediu à corte que os suspeitos sejam processados por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado. Caso o tribunal acate os pedidos, esse grupo se somará aos 232 réus que já respondem por esses cinco crimes e poderão ser condenados a penas que somadas chegam a 30 anos de reclusão.
"Com essas provas, é possível dizer com segurança que, mesmo que essas pessoas não tenham sido detidas em flagrante no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto ou no STF, elas estiveram nesses locais", afirma o subprocurador Carlos Frederico Santos, coordenador do grupo GCAA (Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos) da PGR, em reportagem da Folhapress.
O julgamento das primeiras ações penais relacionadas aos ataques do início do ano está previsto para começar nesta quarta-feira (13), em sessão extraordinária dedicada ao caso. Os acusados também perderão o direito a firmar acordo de não persecução penal como o Ministério Público Federal.