Por determinação da 4ª Vara Cível de Taguatinga, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Brasília vai ter que retirar todos os vídeos do pastor norte-americano David Eldridge, que proferiu um discurso homofóbico durante um evento realizado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. O evento ocorreu em fevereiro deste ano. Na sua fala, o pastor afirmou que “todo homossexual tem uma reserva no inferno”.
A juíza Lívia Lourenço Gonçalves justificou sua decisão ao fato de que na Constituição Federal de 1988, todos têm liberdade de expressão e de manifestação religiosa garantidas. Porém, explica que no vídeo o pastor profere um discurso de ódio contra a comunidade LGBTQIAP+, com bases em supostas interpretações religiosas e que, segundo ela, não refletem o comportamento cristão. “Que em grande parte também não refletem o espírito cristão, podem em tese fomentar atitudes discriminatórias e de violência por parte dos fiéis contra pessoas integrantes da comunidade LGBT+, o que não se admite”, afirmou.
“Assim, não se pode admitir que se perpetuem, mediante a ampla divulgação de vídeos, de discursos que traduzem manifestações que degradem, inferiorizem, subjuguem, ofendam ou que levem à intolerância ou discriminação e possam ser configurados como crime, razão pela qual o pedido deve ser acolhido”, disse a juíza. Com essa decisão, a juíza determinou a retirada, em 48 horas, do vídeo das redes sociais, e em caso de descumprimento a igreja será penalizada a pagar R$ 50 mil por dia. O Correio tenta contato com a igreja.
Em fevereiro deste ano, o pastor David Eldridge pregou em um evento da igreja realizado durante o carnaval. Na ocasião, na pregação, fez um discurso homofóbico. Falando em inglês e com tradução para o português, ele pregava contra a bandeira LGBTQIA+.“Todo homossexual tem uma reserva no inferno. Toda lésbica tem uma reserva no inferno. Todo transgênero tem uma reserva no inferno. Todo bissexual tem uma reserva no inferno”.
A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual ou contra a Pessoa idosa ou com Deficiência (Decrin), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), recebeu várias representações, a exemplo da Comissão de Ética e Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF, presidida pelo deputado distrital Fábio Felix (PSol). Outros documentos enviados à PCDF para apurar os fatos foram enviados pela União Nacional LGBT (UNA).