O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi condenado nesta sexta (1º) a 12 anos de prisão domiciliar pelos crimes de fraude processual e suborno. A decisão foi tomada pela juíza Sandra Liliana Heredia, da 44ª Vara de Bogotá, que também impôs ao ex-mandatário uma multa de US$ 578 mil e a perda dos direitos políticos. Ele se torna o primeiro ex-presidente colombiano condenado criminalmente.
O que aconteceu
O caso, que se arrasta há quase 13 anos, gira em torno de uma denúncia de manipulação de testemunhas. A Justiça entendeu que Uribe teria influenciado, por meio de terceiros, o depoimento de ex-paramilitares, com o objetivo de desacreditar o senador de esquerda Iván Cepeda, que investigava possíveis vínculos do ex-presidente com grupos armados ilegais. A Suprema Corte concluiu que Cepeda atuava dentro dos limites legais.
Nega acusações
Uribe, de 73 anos, nega as acusações e declarou-se inocente durante o processo. Seus advogados já anunciaram que vão recorrer ao Tribunal Superior de Bogotá. A condenação ocorre em um momento politicamente sensível, às vésperas do início das campanhas para as eleições legislativas e presidenciais de 2026, nas quais aliados do ex-presidente devem disputar cargos importantes.
Repercussão
A sentença também gerou repercussão internacional. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, criticou a decisão, enquanto o presidente Gustavo Petro defendeu a independência do Judiciário colombiano. Analistas alertam para possíveis impactos nas relações entre Colômbia e Estados Unidos, especialmente em temas como cooperação no combate ao narcotráfico.
Mandatos
Durante seus dois mandatos, Uribe liderou uma forte ofensiva militar contra a guerrilha, que marcou o conflito armado colombiano de mais de seis décadas e mais de 450 mil mortos. Ainda assim, seu governo é associado à expansão de grupos paramilitares ilegais, responsáveis por grande parte da violência. Segundo uma comissão da verdade, essas milícias cometeram pelo menos 205 mil assassinatos antes de serem desmobilizadas parcialmente em 2005, durante seu governo. (Com informações do G1 e Reuters)