Luigi Mangione era o que muitos chamavam de “jovem prodígio” em Baltimore, nos Estados Unidos. Seu nome, associado à tradição de sua influente família, estava gravado em edifícios e instituições cívicas da cidade. Como estudante, acumulou elogios na Gilman School, uma escola preparatória de elite para meninos. Professores o descreviam como um líder nato, com um futuro promissor em universidades da Ivy League, enquanto colegas o viam como uma inspiração, um jovem atleta e engenheiro voltado para o progresso da sociedade. Na Universidade da Pensilvânia, onde se formou em 2020, os relatos eram semelhantes: Mangione era admirado por sua inteligência, carisma e compromisso acadêmico.
Porém, sua trajetória começou a desviar. O jovem de 26 anos enfrentou uma piora na saúde, incluindo dores nas costas crônicas, e períodos de distanciamento dos amigos e da família. Em um episódio que alarmou seus parentes, sua mãe chegou a registrar um boletim de desaparecimento. Neste ano, amigos relataram dificuldades em manter contato com ele.
De ascensão à tragédia
Na madrugada de 4 de dezembro, Mangione e Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, maior seguradora de saúde dos EUA, cruzaram caminhos em Nova York. De acordo com documentos policiais, Mangione é acusado de atirar fatalmente em Thompson em um ataque premeditado. Durante sua prisão na Pensilvânia, policiais encontraram um manifesto escrito à mão, onde ele criticava o UnitedHealth Group e se referia à organização com termos como “parasitas”.
Thompson, de 50 anos, era um executivo respeitado, natural de uma pequena cidade de Iowa. Ele ocupava o cargo de CEO desde 2020 e era conhecido por sua liderança firme e pela admiração que despertava entre os funcionários. Apesar disso, a empresa enfrentava críticas por práticas controversas na negativa de cuidados médicos.
Na última terça-feira, 10, Mangione compareceu a uma audiência enquanto promotores buscavam sua extradição para Nova York. Ele enfrenta cinco acusações, incluindo assassinato em segundo grau. Além disso, na Pensilvânia, responde por apresentar identificação falsa às autoridades. Durante a audiência, Mangione se mostrou agitado, chegou a resistir aos policiais e gritou contra jornalistas, fazendo menções ao que chamou de “insulto à inteligência do povo americano”.
A transformação de Mangione deixou amigos e ex-professores perplexos. Antigos colegas lembram de sua humildade e carisma, e professores da Gilman School descreveram dificuldade em reconciliar o brilhante aluno de 2016 com o homem agora preso. A expectativa é de que o processo de extradição se prolongue por semanas, enquanto a comunidade que testemunhou a ascensão de Mangione tenta compreender a complexidade de sua queda.