Rebeldes do movimento jihadista Organização para a Libertação do Levante (HTS) intensificaram sua ofensiva na Síria e avançam em direção a Damasco, buscando cercar a capital e derrubar o regime de Bashar al-Assad. Nesta sexta-feira (6), lideranças do HTS afirmaram que suas tropas já estão nos limites de Homs, a terceira maior cidade do país, a menos de 200 km de Damasco. O avanço sobre Homs é estratégico, pois isola a capital da costa, onde se localizam bases militares da Rússia, principal aliada de Assad.
O que aconteceu
Ao mesmo tempo, os rebeldes afirmam ter conquistado Daara, ao sul de Damasco, consolidando um cerco à capital. Em outro golpe ao regime, forças curdas apoiadas pelos EUA tomaram Deir el-Zor, importante reduto governista no leste do país. Nos últimos dias, Assad também perdeu controle de Aleppo e Hama, destacando a rápida deterioração de seu domínio sobre o território.
Egito e Jordânia
Diante do avanço rebelde, autoridades do Egito e da Jordânia pediram que Assad deixe o país e forme um governo no exílio. Enquanto isso, familiares do ditador já teriam deixado a Síria rumo à Rússia e aos Emirados Árabes Unidos. O chefe do HTS, Abu Mohammad al-Jolani, afirmou que o objetivo da ofensiva é "derrubar o regime opressivo e libertar a Síria".
Primavera Árabe
A guerra civil na Síria, que começou em 2011 durante a Primavera Árabe, já deixou mais de meio milhão de mortos e 6,8 milhões de refugiados. O conflito surgiu após manifestações contra a corrupção e o autoritarismo do regime, que foram violentamente reprimidas, levando ao surgimento de grupos armados opositores. Desde então, Assad conseguiu se manter no poder com apoio da Rússia e do Irã, controlando cerca de 70% do território nacional.
Operação
Nas últimas semanas, o cenário mudou drasticamente. A operação-relâmpago dos rebeldes surpreendeu o regime, expondo fragilidades. Segundo fontes rebeldes, o enfraquecimento de grupos apoiados pelo Irã, resultado de ações israelenses, contribuiu para o sucesso da ofensiva. O regime agora enfrenta a ameaça de perder Damasco, o que representaria um golpe quase fatal.
Escalada
Com a escalada do conflito, cresce a incerteza sobre o futuro da Síria. Se por um lado a pressão internacional para que Assad abandone o poder aumenta, por outro, o avanço de grupos jihadistas traz temores sobre a estabilidade regional e o controle do território. A guerra, que parecia ter arrefecido, agora ameaça entrar em uma nova e ainda mais sangrenta fase.