O atual primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, anunciou que entregará sua demissão amanhã. A coalizão de partidos aliados ao presidente Emmanuel Macron e a Attal terminou em segundo lugar nas recentes eleições parlamentares. Apesar disso, Attal afirmou que seu grupo político, de centro-direita, "conseguiu se segurar", com um número de deputados três vezes maior do que algumas estimativas indicavam.
O que aconteceu
A extrema direita, liderada por Marine Le Pen, que havia vencido o primeiro turno e esperava indicar o próximo primeiro-ministro, ficou em terceiro lugar. No entanto, o grupo dobrou seu número de assentos no Parlamento. Essa reviravolta foi possível devido a uma coalizão entre grupos de esquerda e centro, que se uniram para impedir a ascensão da extrema direita.
O que significa
A decisão de Attal de pedir demissão não é comum, mas reflete o reconhecimento de que falta maioria para governar. O especialista em Relações Internacionais, Uriã Fancelli, das Universidades de Groningen (Países Baixos) e Estrasburgo (França), avalia que essa atitude demonstra a dificuldade em obter uma maioria estável.
Cautela
O presidente Macron indicou que não tomará medidas imediatas e aguardará até 18 de julho, quando a Assembleia Nacional se reunirá em sua nova formação. Por isso, Attal pode permanecer no cargo por mais alguns dias. "Vou assumir minhas funções enquanto meu dever exigir", afirmou Attal.
Estratégia
Attal ressaltou que seu grupo político se uniu para "combater riscos" de uma possível maioria da extrema direita ou extrema esquerda. "Nenhuma maioria absoluta poderá ser conduzida pelos extremos. Devemos isso ao espírito francês ancorado nos valores da república", disse ele. Apesar do resultado três vezes maior do que o previsto, o grupo político de Attal não obteve uma maioria. Em conformidade com seus princípios, Attal anunciou que entregará sua demissão ao presidente da República na manhã seguinte.