Pobreza dispara na Argentina e atinge 15,7 milhões de pessoas

O estudo, que abrange 31 aglomerados urbanos, revela que mais da metade da população, 52,9%, está em situação de pobreza, o que afeta 4,3 milhões de famílias

Presidente argentino, Javier Milei | AFP
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O número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou consideravelmente no primeiro semestre de 2024, atingindo 15,7 milhões de pessoas, de acordo com o mais recente levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O estudo, que abrange 31 aglomerados urbanos, revela que mais da metade da população, 52,9%, está em situação de pobreza, o que afeta 4,3 milhões de famílias, ou 42,5% do total.

Faixa de pobreza

Nos primeiros seis meses do governo de Javier Milei, 3,4 milhões de argentinos passaram para a faixa da pobreza, representando um aumento de 11,2 pontos percentuais em relação ao final de 2023, quando 41,7% da população estava nessa situação. Esse agravamento reflete a persistente crise econômica, marcada por dívidas elevadas, câmbio instável, reservas escassas e uma inflação anual de 236%.

Indigência

Além disso, o Indec aponta que 5,4 milhões de pessoas estão em situação de indigência, ou seja, sem acesso a uma cesta básica de alimentos suficiente. Esse número representa 18,1% da população, uma alta significativa em comparação aos 11,9% registrados no segundo semestre de 2023. A classificação de indigência considera a incapacidade de uma pessoa de atender às necessidades alimentares mínimas.

Resultado

Apesar da gravidade da crise, o governo Milei conseguiu desacelerar a inflação mensal, que caiu de 25,5% em dezembro de 2023 para 4,2% em junho de 2024. No entanto, o custo social das medidas de ajuste fiscal tem sido elevado. O chamado "Plano Motosserra", que inclui cortes de gastos públicos e subsídios, levou ao aumento das tarifas de serviços essenciais como água, gás e transporte.

Impacto

O mercado de trabalho argentino também foi duramente impactado, com a pobreza em ascensão e o Produto Interno Bruto (PIB) do país caindo 5,1% no primeiro trimestre e 1,7% no segundo trimestre de 2024. O presidente Milei havia alertado que a economia pioraria antes de melhorar, e apesar do desgaste social, o governo conseguiu alcançar um superávit fiscal no primeiro trimestre, o primeiro desde 2008.

Políticas de ajuste

As reservas internacionais do país aumentaram de US$ 21 bilhões em dezembro de 2023 para US$ 30 bilhões em abril de 2024, fruto das políticas de ajuste. No entanto, o montante ainda é insuficiente para estabilizar a economia, já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a Argentina precisaria de cerca de US$ 62 bilhões para garantir a segurança financeira.

Mais imposto

Para tentar aumentar as reservas, Milei implementou um imposto provisório sobre importações e buscou aumentar as exportações. Em agosto de 2024, as exportações cresceram 14,9% em relação ao ano anterior, enquanto as importações caíram quase 30%, o que resultou em um saldo positivo na balança comercial.

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