O governo argentino deu um passo ousado nesta segunda (14) ao começar a desmontar o rígido controle cambial conhecido como “cepo”, em vigor desde 2019. A medida, anunciada na sexta-feira pelo Banco Central, marca o início de um regime de câmbio flutuante, no qual o valor do peso será determinado pelo mercado, sem interferência direta do governo.
Reações
💸A mudança provocou uma forte desvalorização da moeda argentina, que caiu 11,38% em relação ao dólar, fechando o dia a 1.196,31 pesos por dólar, contra os 1.074 da última sexta. O movimento reflete uma demanda reprimida por dólares, segundo analistas, agora liberada com o afrouxamento das regras para compra de moeda estrangeira.
Mercado entusiasmado
Apuração dos repórteres André Catto, Isabela Bolzani, G1, indica que apesar da queda do peso, o mercado financeiro argentino reagiu com entusiasmo à nova diretriz econômica. O principal índice da bolsa, o S&P Merval, subiu 4,70%, e ações de empresas argentinas listadas nos Estados Unidos dispararam. O Banco Macro, por exemplo, teve alta de 15,41%, e o Grupo Supervielle avançou 18,07%. 📉📈
Empréstimo
A medida foi acompanhada por um novo acordo financeiro: a Argentina fechou um empréstimo de US$ 20 bilhões com o FMI, segundo o ministro da Economia, Luis Caputo. O objetivo é recapitalizar o Banco Central, fortalecer a moeda e manter o processo de combate à inflação, uma das prioridades do governo Milei.
Menor intervenção estatal
Segundo o economista André Galhardo, a suspensão do “cepo” melhora o ambiente econômico no médio e longo prazo. “Assim como o mercado prefere menor intervenção do Estado em gastos, o mesmo vale para o câmbio”, explicou. O analista acredita que a liberdade para comprar dólares atende a uma demanda reprimida e sinaliza maior previsibilidade para investidores.
Câmbio
O sistema de controle cambial havia sido criado em meio a uma crise nas contas públicas e alta inflação, como forma de conter a fuga de capitais. Agora, a nova política cambial permite a flutuação do peso entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, encerrando a paridade artificial que vinha sustentando a moeda.
Mercado
Ainda que a desvalorização inicial seja expressiva, o governo acredita que a liberalização do câmbio trará confiança ao mercado. A expectativa é de que, com a entrada de recursos externos e o ajuste fiscal, o país possa iniciar um ciclo de estabilização econômica após anos de turbulência. (Com informações do G1)