O Exército de Israel afirmou, na quinta-feira (19), que o Irã disparou um míssil equipado com uma bomba de fragmentação pela primeira vez desde o início da atual escalada militar entre os dois países. Segundo os militares, a ogiva explodiu a cerca de 7 km de altitude, liberando 20 submunições sobre uma área de 8 km no centro de Israel. Uma delas atingiu uma casa na cidade de Azor, mas não houve feridos, segundo a agência Reuters.
Escalada
O uso dessa arma ocorre no oitavo dia de confrontos entre Teerã e Tel Aviv, intensificando a tensão já elevada na região. As autoridades israelenses acusam o Irã de tentar causar maior número de vítimas civis por meio do uso deliberado de armamentos de ampla dispersão. O governo israelense classificou o ataque como um "marco perigoso" no conflito.
O que são?
Conhecidas como “cluster bombs”, essas armas se abrem no ar e espalham pequenas submunições sobre uma vasta área. O objetivo é atingir múltiplos alvos ao mesmo tempo — desde soldados até veículos e infraestruturas. No entanto, o impacto é indiscriminado, especialmente em regiões urbanas, o que aumenta significativamente o risco para civis.
Riscos após o ataque
Além da destruição imediata, muitas submunições não detonam no momento da queda e permanecem no solo por anos, funcionando como minas terrestres. Essa característica representa um risco contínuo para a população civil mesmo após o fim dos combates, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Condenação internacional
O uso dessas armas é amplamente condenado por organizações humanitárias. Em 2008, foi criada a Convenção sobre Munições Cluster, assinada por mais de 110 países, proibindo o uso, armazenamento, produção e transferência dessas bombas. Potências como Estados Unidos, Rússia e Ucrânia, contudo, não aderiram ao tratado — o que também é o caso do Brasil.
Fabricação brasileira sob críticas
O Brasil foi citado em um relatório da Human Rights Watch em 2017, que denunciou o uso de bombas de fragmentação brasileiras em ataques a escolas no Iêmen, dois anos antes, por parte da coalizão liderada pela Arábia Saudita. À época, a organização pediu que o país deixasse de produzir esse tipo de armamento e aderisse à convenção internacional.
Uso na guerra da Ucrânia
O debate sobre o uso dessas armas ganhou novo fôlego em 2023, quando os Estados Unidos enviaram bombas de fragmentação à Ucrânia. Kiev e Moscou se acusam mutuamente de empregar esse tipo de armamento. No conflito entre Irã e Israel, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, general Effie Defrin, voltou a criticar o uso das “armas de dispersão”, classificando o ataque iraniano como mais uma prova de tentativa deliberada de atingir civis. (Fonte G1)