Deputados da esquerda e extrema direita francesa se uniram e derrubaram o primeiro-ministro Michel Barnier, nesta quarta-feira (4), após a aprovação de uma moção de censura pelo Parlamento, tornando-se o chefe de governo com o mandato mais curto da história recente do país.
Votação
A medida, que obteve 331 votos favoráveis, uniu partidos da esquerda e extrema direita em oposição à gestão de Barnier, que ocupava o cargo há apenas três meses. Ele havia sido indicado pelo presidente Emmanuel Macron após as eleições parlamentares de junho, em que nenhum bloco político conseguiu formar maioria.
Contexto
A escolha de Barnier, político de centro-direita, gerou insatisfação desde o início, sobretudo entre a esquerda, que venceu as eleições mas não alcançou maioria, e a extrema direita, liderada por Marine Le Pen. A insatisfação culminou na rejeição do Orçamento proposto por Barnier, baseado em cortes de gastos públicos e aumento de impostos para grandes empresas. A proposta foi criticada tanto pela esquerda quanto pela extrema direita, que acusaram o governo de perpetuar a política econômica de Macron.
Dividido
A moção de censura reflete um cenário político fragmentado, com o Parlamento dividido entre três blocos principais: esquerda, centro-direita e extrema direita. Apesar de sua coalizão de centro-direita, Macron não conseguiu evitar o colapso do governo de Barnier. Agora, o presidente enfrenta a difícil tarefa de negociar com os partidos majoritários ou nomear um novo primeiro-ministro, o que pode gerar novos protestos e aprofundar a crise política.
Momento delicado
A instabilidade política ocorre em meio a um momento econômico delicado para a França, com a dívida pública em 112% do PIB e o prêmio de risco quase equiparado ao da Grécia. Além disso, a crise na França e a instabilidade na Alemanha, que também enfrenta eleições legislativas antecipadas, aumentam as preocupações sobre os impactos para a União Europeia.
Alinhamento
Com as eleições presidenciais previstas para 2027, os partidos políticos já começam a posicionar-se para a sucessão de Macron, que não poderá concorrer a um terceiro mandato. O desfecho da crise atual e a escolha de um novo primeiro-ministro serão cruciais para determinar o rumo político e econômico da França nos próximos anos.