O governo federal utilizou a foto de um homem armado para comemorar o Dia do Agricultor, celebrado nesta quarta-feira. O presidente Jair Bolsonaro é um entusiasta do armamento da população, especialmente em áreas rurais. Após repercussão negativa, a publicação foi apagada.
A publicação foi feita pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência em redes socias na manhã desta quarta-feira. A foto utilizada foi retirada de um banco de imagens.
"Hoje homenageamos os agricultores brasileiros, trabalhadores que não pararam durante a crise da Covid-19 e garantiram a comida na mesa de milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo", diz o texto que acompanha a foto.
O post no perfil da Secom gerou inúmeras críticas nas redes sociais. Diversos internautas questionaram a associação da arma à profissão dos agricultores e criticaram a escolha da imagem feita pelo governo. Após a publicação, a palavra 'jagunço', uma menção à imagem usada, chegou a figurar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
A Secom foi procurada, primeiro para comentar as críticas, e depois para esclarecer a exclusão, mas ainda não respondeu.
Reações de parlamentares
Políticos de diferentes espectros ideológicos também reprovaram a postagem do governo. O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) escreveu em sua conta no Twitter que "(...)até eu que só plantei pé de feijão no algodão sei que rifle não é ferramenta de um agricultor... mas claro, o Secom precisa criar uma cortina de fumaça pra nomeação do Ciro Nogueira".
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) compartilhou a imagem divulgada pela Secom com e escreveu na legenda "O retrato de um governo miliciano". Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou como "lamentável a atitude do governo Bolsonaro, que simbolicamente trocou a enxada em post oficial por uma uma arma pesada".
Em 2019, Bolsonaro sancionou uma lei que cria a chamada posse rural estendida. A posse é o direito de ter uma arma em casa. A lei ampliou esse conceito em propriedades rurais, permitindo que um fazendeiro ou produtor rural ande com uma arma em toda a sua fazenda, e não apenas na sua casa.
Também no primeiro ano de governo, o presidente defendeu um excludente de ilicitude para produtores rurais em casos de invasão. Com isso, fazendeiros que atirarem contra invasadores poderiam não ser punidos. A proposta, contudo, não foi para frente.