A família de Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, morta após ter sido atropelada por uma moto aquática quando brincava na Praia de Guaratuba, em Bertioga, no litoral de São Paulo, vai pedir R$ 10 milhões de indenização ao proprietário do equipamento e aos pais do adolescente, de 13 anos, que ligou a embarcação e deverá responder medida sócio-educativa a ser definida pela Vara da Infância e Juventude. A informação foi confirmada pelo advogado José Beraldo.
"Considerei o que a criança poderia sonhar, a vida toda pela frente, a maneira como ocorreu a morte, a dor da família, a omissão de socorro e o poder aquisitivo da família do adolescente", explica o advogado. Ele informou que o valor deverá ser dividido igualmente entre o pai e o empresário. Além disso, estuda a chance de processar o Estado, mas não revelou o valor.
Sobre a decisão do delegado seccional de Santos, Rony da Silva Oliveira, em indiciar por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - o dono da moto aquática, o caseiro da propriedade onde o veículo ficava guardado, e que a levou até a praia, e dois mecânicos que fizeram a revisão no equipamento, Beraldo não poupou críticas e disse que aguarda pela conclusão dos trabalhos do Ministério Público.
"Foi uma decisão míope juridicamente, no meu entendimento o inquérito apenas mudou de autoridade. Agora vou aguardar a promotoria de Justiça se manifestar na próxima semana. Há mais pessoas que deveriam ser indiciadas", afirma. O acidente ocorreu no sábado de carnaval.
O tio de Grazielly, Zildomar Rodrigues de Lames, ressaltou que o sentimento da família é "de alívio", após a decisão desta quinta (29). "Estou muito feliz, a Justiça está sendo feita", disse. O jovem, de 23 anos, que reside reside próximo aos pais da criança, em Artur Nogueira (SP), afirmou que a família continua abalada com o caso.
O advogado da família do adolescente que ligou a embarcação, Maurimar Bosco Chiasso, contestou o valor da indenização a ser proposto por Beraldo. "Acho que ele pensa que é um prêmio lotérico, trata-se de um valor exorbitante, risível, já que não condiz com a jurisprudência. Acredito que a própria família não pense em um valor inestimável", critica.
Sobre a decisão do delegado, Chiasso foi conciso. "Foi dentro da previsão. Vamos aguardar a sequência", resume. O advogado do proprietário da moto aquática não foi localizado