Em uma cerimônia realizada em São Gabriel da Cachoeira, localizada a 800 km de Manaus e conhecida como a cidade mais indígena do Brasil, o estado do Amazonas alcançou um feito histórico ao adotar dezesseis línguas indígenas como oficiais, além do português. O ato solene ocorreu após o lançamento da primeira Constituição Federal traduzida para o nheengatu, a única língua descendente do tupi antigo ainda em uso.
A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Rosa Weber, esteve presente na ocasião e enfatizou que esse momento representa um marco na história constitucional do país. Ela expressou o desejo de avançar rumo a um Brasil verdadeiramente inclusivo, onde as aspirações da Constituição sejam plenamente concretizadas.
“Certa de que o dia de hoje é um marco na história constitucional do nosso país, o meu desejo é de que sigamos avançando para, juntos, concretizarmos o que a nossa constituição almeja. Ou seja, que possamos construir juntos um Brasil verdadeiramente inclusivo”, relatou a ministra.
Durante o evento realizado na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, a ministra destacou a importância de se reconhecer a riqueza da diversidade linguística do Brasil. Ela lembrou que até mesmo palavras do português, como "guri" e "guria," muito comuns em seu estado de origem, o Rio Grande do Sul, têm raízes indígenas, ressaltando a mistura de expressões presente na cultura do país.
Com a nova legislação estadual, as línguas oficiais do Amazonas passam a ser: Apurinã, Baniwa, Dessana, Kanamari, Marubo, Matis, Matses, Mawe, Mura, Nheengatu, Tariana, Tikuna, Tukano, Waiwai, Waimiri e Yanomami. Adicionalmente, entrou em vigor a Política de Proteção das Línguas Indígenas, que garante o direito ao pleno uso público das línguas indígenas, dentro ou fora das terras indígenas. Essa medida representa um importante passo na preservação e valorização das culturas e tradições ancestrais dos povos indígenas do Amazonas. (Com informações da Agência Brasil)