A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) afirmou, nesta terça-feira (29), que a Danone, empresa francesa de alimentos, interrompeu a importação de soja brasileira, considerando a medida um "boicote" e um "ato discriminatório".
Resposta
O Ministério da Agricultura do Brasil também criticou a medida, classificando-a como "intempestiva e descabida". O órgão defendeu a política ambiental brasileira, afirmando que o país possui uma das legislações mais rigorosas do mundo no tema. No entanto, após a repercussão, a Danone emitiu uma nota afirmando que a informação "não procede" e que a empresa continua adquirindo soja do Brasil.
Embate
O imbróglio ocorre enquanto a União Europeia debate a prorrogação do prazo para a entrada em vigor da sua nova lei antidesmatamento, que visa bloquear produtos vindos de áreas desmatadas, seja legal ou ilegalmente. A norma exige que exportadores, como o Brasil, comprovem a origem sustentável de seus produtos, assegurando rastreabilidade completa. Originalmente prevista para 30 de dezembro deste ano, a medida pode ser adiada em até 12 meses, caso aprovada pelo Parlamento Europeu.
Trocou por fornecedores asiáticos
Em uma entrevista recente, o diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, havia afirmado que a empresa havia interrompido a compra de soja brasileira, optando por fornecedores asiáticos. Segundo ele, a Danone busca ingredientes com rastreamento rigoroso para garantir práticas sustentáveis. A empresa utiliza cerca de 315 mil toneladas de produtos à base de soja para alimentação animal e produção de iogurtes, segundo relatório de 2023.
Nota
A Danone afirmou que segue comprando soja brasileira e que essa matéria-prima é essencial para sua cadeia de fornecimento no país. A empresa reforçou seu compromisso com a conformidade regulatória e disse que verifica a origem sustentável da soja utilizada. O posicionamento foi assinado pelo presidente da Danone Brasil, Tiago Santos, e pelo vice-presidente jurídico, Camilo Wittica.
Críticas
A Aprosoja, por sua vez, criticou o que considera uma visão distorcida da produção agrícola brasileira e afirmou que o "boicote" prejudica o Brasil economicamente. O Ministério da Agricultura também defendeu os modelos de rastreamento e due diligence praticados no Brasil, que, segundo o órgão, são reconhecidos internacionalmente e atendem às exigências dos parceiros comerciais.
Regras
O ministério classificou as regras da nova lei antidesmatamento europeia como "arbitrárias, unilaterais e punitivas" e salientou que a produção sustentável e as negociações internacionais devem ser baseadas "na confiança mútua e no respeito à soberania e à diversidade de soluções nacionais".