Economistas consultados afirmam que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de cortar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual pode levar a Selic a encerrar o ano de 2023 abaixo de 12%, o que contraria a projeção divulgada no início da semana pelo Boletim Focus.
Vale ressaltar que, caso o Banco Central mantenha o mesmo ritmo de corte nas três reuniões que ainda ocorrerão até o fim de 2023, a Selic alcançará os 11,75%, conforme indicado pela maioria dos economistas consultados por esse jornal digital. Na última reunião, o Copom sinalizou que deve prosseguir com o ciclo de redução na taxa básica de juros, mencionando "redução de mesma magnitude nas próximas reuniões".
A decisão do Copom não foi unânime. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve o voto decisivo para o corte mais agressivo da taxa básica, com 5 votos favoráveis à queda de 0,50 ponto percentual, enquanto 4 diretores preferiam uma redução mais conservadora, de 0,25 ponto percentual. O voto do presidente do BC foi acompanhado por Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização), indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a diretoria da instituição.
Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, acredita que a divisão inicial entre os membros do Copom ao anunciar o corte não se repetirá nas próximas reuniões, mostrando um comitê mais consensual em relação às reduções adicionais de 50 pontos de forma unânime. A projeção de Barros é de que a Selic feche o ano em 11,75%.
O economista André Perfeito também projeta a mesma taxa de juros, prevendo que as próximas três reuniões do ano terão cortes de igual magnitude (0,50 ponto percentual). Ele interpreta que o Copom deseja acelerar o fim do ciclo de cortes de juros, visando encerrá-lo já no início do ano seguinte.
A economista sênior da LCA, Thais Zara, revisou sua projeção para a Selic após o anúncio do Copom, também para 11,75%. Ela comenta que sua expectativa inicial era de que o primeiro corte no ciclo de flexibilização seria de 25 pontos-base, seguido de reduções subsequentes de 50 pontos-base por reunião do Copom. No entanto, diante da decisão do Copom, sua curva projetada para a Selic foi ajustada ligeiramente para baixo, incorporando o ritmo de corte de 50 pontos-base já a partir da primeira reunião e mantendo esse ritmo nas reuniões seguintes.
Olhando para o futuro, em relação a 2024, Thais Zara prevê que a Selic seja reduzida para 9,25% até o fim desse ano. Ela destaca que essas revisões não alteram a perspectiva de que a política monetária gradualmente retirará o grau de restrição, alinhando-se com as indicações do Copom. Segundo suas projeções, a Selic só atingirá um nível considerado neutro no início de 2025.