Lucro dos bancos chegou a R$ 139 bilhões em 2022, diz relatório do BC

Foi uma alta de 2% em relação ao ano de 2021, conforme Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central

Bancos registraram alta nos lucros | José Cruz / Agência Brasil
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Os bancos alcançaram lucro líquido de R$ 139 bilhões no ano de 2022, o que representa uma alta de 2% em relação ao ano de 2021, conforme Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo Banco Central (BC). Apesar do crescimento depois da recupeção em 2021 e um crescimento no primeiro semestre do ano passado, os bancos tiveram uma redução na rentabilidade no segundo semestre de 2022.

Segundo o BC, o pirncipal motivo para a redução no segundo semestre foi o aumento das despesas com provisões, que são reserva sobre riscos de crédito, acentuada em razão do episódio das Lojas Americanas. A loja está em recuperação judicial e enfrenta uma crise desde a revelação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões. A empresa admitiu que os débitos com os credores podem chegar a R$ 43 bilhões.

“Embora o forte aumento das despesas de provisão no último semestre de 2022 esteja relacionado a esse evento [das Americanas], a materialização do risco tem resultado no elevado aumento dessas despesas de forma geral. Também contribuíram para a redução da rentabilidade o declínio do ritmo de crescimento das rendas de serviços e a pressão da inflação sobre as despesas administrativas”, esclarece o documento.

O Banco Central prevê que a rentabilidade do sistema deve continuar sob pressão no médio prazo, levando em conta a perspectiva de atividade econômica mais fraca em 2023, de menor crescimento do crédito e de inadimplência e inflação elevadas. O relatório aponta ainda que, embora o mercado de crédito continue crescendo em ritmo elevado, a desaceleração foi mais acentuada nas operações de maior risco do Sistema Financeiro Nacional (SFN) com pessoas físicas, como as ligadas a cartões de crédito.

“No geral, o crédito às pessoas físicas arrefeceu, exceto o crédito rural e o crédito imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis. O crédito às empresas desacelerou em ritmo mais suave. Isso porque o crédito seguiu elevado devido aos programas emergenciais para microempresas, ao financiamento de capital de giro e investimento para pequenas empresas e ao financiamento de bens e operações de ‘risco sacado’ para empresas médias”, afirma o BC.

Análises de risco

O relatório traz ainda os resultados de análises de risco e dos testes de estresse do sistema bancário, que “continuam indicando não haver risco relevante para a estabilidade financeira”. O BC explica que os testes de estresse de capital indicam que não há ocorrência de desenquadramentos em montante relevante nos cenários macroeconômicos adversos.

"Os resultados obtidos nas análises de sensibilidade também indicam boa resistência aos fatores de risco, simulados isoladamente, além de estabilidade de resultados em comparação com testes feitos anteriormente. O teste de estresse de liquidez indica quantidade confortável de ativos líquidos em caso de saídas de caixa em condições adversas ou choque nos parâmetros de mercado no curto prazo”, explicou o BC.

O Banco Central pesquisou também questões relacionadas a riscos climáticos e seus efeitos na estabilidade financeira dos bancos. As secas e as inundações são os eventos climáticos físicos de maior impacto nos ativos das instituições financeiras, sobretudo em horizontes acima de cinco anos. Para o BC, os riscos climáticos de transição são classificados como de baixo impacto nos ativos. 

Segundo o relatório, a inadimplência pode resultar de crise financeira nos setores que dependem de maneira intensiva dos recursos naturais, que podem sofrer um efeito climático severo. Entre os exemplos estão quebra de safras, prejuízo nos transportes, diminuição na prestação de serviços e interrupção das cadeias produtivas. (Com informações da Agência Brasil)

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