Nesta segunda-feira (19), o dólar registrou uma queda significativa, acompanhando a desvalorização da moeda americana no exterior. Ao fim das negociações, a moeda americana apresentou uma queda de 1,03%, cotada a R$ 5,411. No mesmo período, o dólar teve uma desvalorização de 0,58% em relação a suas principais moedas pares, conforme medido pelo índice DXY, que marcou aproximadamente 101,87 pontos, nível que não era visto desde dezembro do ano passado, de acordo com Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos. Esta é a menor cotação do dólar em quase dois meses, comparável ao valor de R$ 5,390 registrado no dia 26 de junho deste ano.
Motivos
A fraqueza da moeda americana no cenário internacional é atribuída às expectativas de um possível corte na taxa de juros nos Estados Unidos em setembro, que pode ser de pelo menos 0,25 ponto percentual. Em contraste, no Brasil, espera-se que a taxa básica de juros permaneça estável ou até mesmo aumente. Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, "o aumento potencial no diferencial de juros entre os dois países faz com que o dólar se enfraqueça significativamente. Se não houver surpresas políticas ou fiscais, a tendência é de uma cotação mais baixa do dólar."
Bancos centrais
Durante a semana, o mercado estará atento às declarações dos líderes dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil no simpósio de Jackson Hole, um evento anual de grande relevância para o Federal Reserve. Desde 1978, o simpósio reúne líderes financeiros, economistas e acadêmicos para discutir questões econômicas importantes.
Taxa de juros americanos
Os investidores aguardam especialmente o discurso de Jerome Powell, presidente do banco central dos EUA, que ocorrerá na sexta-feira (23). Com as taxas de juros no centro das atenções, as declarações de Powell poderão direcionar o mercado e ajudar a definir as expectativas sobre os possíveis cortes de juros em setembro. Atualmente, há uma divisão entre os analistas sobre se a redução será de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.
Acordo de paz
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, observa que há discussões sobre a possibilidade de Powell sinalizar um corte de 0,50 ponto percentual, o que tem contribuído para o enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas. Além disso, notícias sobre avanços no acordo de paz entre Israel e o grupo terrorista Hamas também impactaram a queda do dólar. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, indicou que Israel teria aceitado o acordo e viajará para o Egito e o Catar para negociar com o Hamas. "A redução da percepção de risco geopolítico também está favorecendo a valorização de outras moedas frente ao dólar", completa Costa.