Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a dívida brasileira pode superar 80% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026. Esse valor estaria acima do patamar de 77,3% do PIB, que é o pior cenário para o endividamento brasileiro na proposta de arcabouço fiscal. Com informações do G1.
O aumento do endividamento pode ser explicado pelas projeções do mercado financeiro para o PIB e inflação, que são piores do que as estimativas feitas pela equipe do Ministério da Fazenda, além da manutenção da atual curva de juros. A relação entre dívida e PIB é um indicador importante para o mercado financeiro, pois indica a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros a curto, médio e longo prazo.
A expectativa é que, caso a dívida ultrapasse 80% do PIB, o risco de calote em momentos de crise seja maior. Apesar disso, as projeções dos bancos indicam que a dívida brasileira se estabilizará no futuro, mesmo que as metas fiscais de resultado primário propostas pelo governo não sejam cumprida.
O portal G1 realizou um levantamento com as cinco principais instituições financeiras que possuem maior índice de acerto nas projeções para a dívida pública, coletadas pela Secretaria de Política Econômica, vinculada ao Ministério da Economia. A pesquisa foi realizada com o intuito de obter informações sobre a estimativa para o patamar da dívida pública em 2026, após a divulgação do arcabouço fiscal.
No entanto, apenas duas das cinco instituições financeiras contatadas pelo portal, MUFG Brasil e banco Modal, responderam ao questionamento. Ambas as instituições afirmaram que não acreditam no atingimento das metas de superávit primário propostas no arcabouço fiscal, que incluem um retorno ao superávit já no próximo ano.
Essas informações indicam que, mesmo com a divulgação do arcabouço fiscal, as perspectivas para a dívida pública ainda são incertas. As instituições financeiras possuem um papel importante na projeção e avaliação da situação econômica do país, e suas estimativas são fundamentais para a tomada de decisões no âmbito financeiro e político.
A proposta de arcabouço fiscal estabelece que, quando a meta fiscal não é alcançada, o governo precisa limitar o aumento das despesas a 50% do crescimento das receitas no ano anterior, o que é um valor menor do que os 70% da regra normal.
De acordo com o economista-chefe do banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso, em seu cenário, o déficit primário será reduzido gradualmente de 1% do PIB em 2023 para 0,25% do PIB em 2026. Isso resultará em um aumento da dívida bruta de 78,43% do PIB em 2023 para 81,13% do PIB em 2026. O banco Modal também prevê que o governo não conseguirá atingir a meta de resultado primário estabelecida no novo arcabouço fiscal e, por isso, projeta uma dívida de 79,5% do PIB em 2026.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, avaliou que, mesmo se as metas fiscais não forem alcançadas e o governo precisar acionar o gatilho de uma alta menor para as despesas, a dívida se estabilizará no futuro, mas em um prazo maior de tempo. Ele afirmou que, em qualquer cenário, a trajetória da dívida se estabilizará, mas o processo será mais lento se as metas fiscais não forem cumpridas. O mercado pode cobrar mais juros lá na frente, mas a dívida estabilizará em qualquer cenário.
Atualmente, as projeções do governo indicam que a dívida deixará de crescer até 2026 se as metas de resultado primário forem atingidas. No entanto, se as metas não forem cumpridas, Ceron disse que a dívida poderá crescer até 2029. Em um cenário pessimista simulado, a dívida ultrapassaria um pouco de 80% do PIB antes de se estabilizar, de acordo com o secretário do Tesouro Nacional.