Desconto em móveis pode chegar a 5%

setor de móveis vinha sofrendo com a queda nas exportações e com a competição com produtos da linha branca

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 Fabricantes e vendedores de móveis comemoraram a redução a zero da alíquota do IPI para o setor e disseram que consumidores serão beneficiados. "Vamos repassar integralmente o desconto e fazer campanhas promocionais, como foi feito com a linha branca", afirmou o diretor-executivo da Casas Bahia, Michael Klein, por meio de sua assessoria.

A empresa, que é dona da maior fábrica de móveis do país, a Bartira, com duas plantas na região do ABC, também pretende iniciar um terceiro turno de trabalho para dar conta do aumento da demanda. Para o presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), José Luiz Diaz Fernandez, o desconto para o consumidor final deve ser da ordem de 5%.

"As vendas caíram 10% desde maio, e a perspectiva era de demissões após as férias coletivas de fim de ano", afirma. "Esperamos, com a medida, manter os postos de trabalho." O setor de móveis vinha sofrendo com a queda nas exportações e com a competição com produtos da linha branca, desde que estes foram beneficiados com a redução do IPI.

"A oferta de móveis aumentou, pois não tinha pra quem exportar, mas o setor não conseguiu vender devido à competição com a linha branca." A competição com a linha branca é direta, pois, no Brasil, os grandes varejistas tradicionalmente vendem produto das duas categorias em uma mesma loja.

Em Bento Gonçalves (109 km de Porto Alegre), o anúncio da alíquota zero para o setor foi recebido com euforia por empresários e políticos. Com 55% do seu PIB gerado em 300 indústrias de móveis, Bento Gonçalves é a locomotiva do setor moveleiro gaúcho. Oito em cada dez fábricas, segundo a Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do RS), são micro ou pequenas empresas, e a mão de obra predominante, 10 mil trabalhadores no total, é familiar.

No Estado, o setor emprega diretamente 40 mil pessoas e fatura cerca de R$ 3,7 bilhões por ano. No país, o faturamento da indústria de móveis gira em torno de R$ 20 bilhões anuais. "Não podia ter vindo em melhor hora [a isenção de IPI] porque a redução coincide com o pagamento do 13º", disse Ivo Cansan, vice-presidente da Movergs.

A entidade ainda não tem uma estimativa precisa de quanto as vendas do setor deverão crescer, mas toma com parâmetro os cerca de 14% alcançados pela linha branca. A isenção de IPI também deverá aquecer os negócios da MovelSul, maior feira de móveis da América Latina, que é realizada a cada dois anos em Bento Gonçalves.

Os organizadores calculam que a próxima exposição, em março de 2010, atraia 35 mil lojistas e compradores do Brasil e de outros 67 países. Se não for prorrogada, a isenção do IPI acaba em 31 de março. "Sem IPI, estimamos um crescimento de pelo menos 10% e vamos atingir, pela primeira vez, um volume de negócios superior a US$ 300 milhões", afirmou Marcelo Haefinger, presidente da entidade que organiza a feira bienal.

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