O Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, pela primeira vez em mais de dois anos, em meio a um cenário de alta do dólar e incertezas sobre a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, fixando-a em 10,75% ao ano.
Foi em agosto
A última elevação da taxa havia ocorrido em agosto de 2022, quando subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após um ano nesse patamar, o Copom realizou seis cortes consecutivos de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto entre agosto de 2023 e maio de 2024. Nas reuniões de junho e julho deste ano, a taxa foi mantida em 10,5% ao ano.
Inflação
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o IPCA registrou uma leve deflação de 0,02%, puxada pela queda nos preços da energia elétrica, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Alta
O IPCA acumula alta de 4,24% nos últimos 12 meses, valor próximo ao teto da meta inflacionária estabelecida para este ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou uma meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O índice, portanto, não pode exceder 4,5% ou ficar abaixo de 1,5% no próximo ano.
Relatório
No último Relatório de Inflação, divulgado em junho, o BC estimou que o IPCA fechará 2024 em 4%, mas a previsão pode ser ajustada devido à alta do dólar e ao impacto da seca prolongada. O próximo relatório será publicado no final de setembro.
Projeções não são boas
As projeções do mercado financeiro são mais pessimistas. O boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, aponta que a inflação deve fechar o ano em 4,35%, acima dos 4,22% projetados no mês anterior.
Impacto na economia
O aumento da Selic visa conter a inflação ao encarecer o crédito, o que desestimula o consumo e a produção. No entanto, juros mais altos também dificultam o crescimento econômico. O Banco Central revisou recentemente sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, passando de 2,3% para 2,96%, segundo analistas do boletim Focus.