Levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que entre os meses de junho e agosto de 2024, os incêndios no Brasil causaram um prejuízo estimado em R$ 14,7 bilhões, afetando 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais.
Perdas
Segundo a CNA, só no setor de pecuária e pastagens, as perdas foram de R$ 8.106.052,30; a cana-de-açúcar registrou prejuízo de R$ 2.762.773,72; outras culturas temporárias e permanentes tiveram perdas de R$ 1.068.357,61; e nas cercas, o prejuízo é de R$ 2.824.929,13.
Mais atingidos
Os estados mais afetados pelos incêndios foram São Paulo (R$ 2,8 bilhões), Mato Grosso (R$ 2,3 bilhões), Pará (R$ 2 bilhões) e Mato Grosso do Sul (R$ 1,4 bilhão).
Como foi feita a conta
Os dados foram calculados com base em áreas queimadas de culturas agrícolas, conforme levantamentos do MapBiomas, e áreas de pastagem identificadas pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento (Lapig/IESA/UFG), sobrepostas com as áreas queimadas indicadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Fatores
Na estimava dos prejuízos foram considerados o custo de reposição da matéria orgânica nas áreas agropecuárias queimadas; as perdas de produção de cana-de-açúcar não colhida; a redução na produtividade do rebanho devido à escassez de pasto; as perdas de cercas em áreas de pastagem; a perda de fósforo e potássio nas camadas superficiais do solo.
Ficaram de fora
O levantamento não incluiu outras perdas dos produtores, como maquinário, produtividade e renovação de áreas afetadas.
Cana
Antes mesmo dos incêndios, a produção de cana-de-açúcar já sofria com a seca. No início da safra, em abril, São Paulo esperava colher 420 milhões de toneladas, mas a falta de chuvas reduziu essa previsão. Em agosto, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) revisou a estimativa para 370 milhões de toneladas, uma queda de 12% (50 milhões de toneladas) em relação à previsão inicial.
Consequências
Segundo Maurício Muruci, analista da Safras e Mercados, desde abril não houve chuvas significativas nos canaviais. José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana, diz que a seca torna a cana mais fina e rachada, prejudicando a extração de açúcar e a produção de etanol. Além disso, o fogo aumenta o risco de fungos e bactérias nas lavouras, inviabilizando o uso da planta.