No início deste mês, dois alpinistas que se aventuravam pelos Alpes suíços acabaram encontrando alguns restos humanos em uma geleira próxima à montanha Matterhorn. Junto com os vestígios humanos a dupla encontrou alguns objetos pessoais, cordas de alpinismo e uma bota que foram usadas pela pessoa na época. Após investigação foi confirmado que era o corpo de um alpinista alemão que estava desaparecido desde 1986.
Os dois alpinistas estavam cruzando a geleira de Theodul acima de Zermatt, quando notaram que havia uma bota de caminhada e crampons, uma peça com picos metálicos, acoplada ao calçado, que normalmente é usada para praticar montanhismo ou escalada. A bota estava emergindo do gelo, juntamente com algumas cordas e restos de roupas. Após uma análise de DNA, foi apontado que o corpo é de um alpinista que estava desaparecido há 37 anos.
Após as autoridades chegarem ao local e realizarem uma investigação, os agentes constataram que uma grande operação de busca e resgate foi feita na época de seu desaparecimento, porém não conseguiram encontrar nenhum vestígio dele. A polícia não conseguiu identificar o alpinista, mas afirmaram que o homem possuía cerca de 38 anos quando desapareceu durante sua caminhada.
A geleira Theodul, onde os alpinistas encontraram os restos mortais, assim como as geleiras dos Alpes, tem passado por um grande recuo de gelo nos últimos anos. Theodul faz parte de uma famosa região de Zermatt, onde existe a prática do esqui. Ambas são consideradas montes bastante atingidos pelo aquecimento global. Quase todos os anos, no verão, o derretimento do gelo revela alguma descoberta, seja algo ou alguém que acabou se perdendo há décadas.
No ano de 2014, um caso parecido ocorreu quando o corpo do alpinista britânico Jonathan Conville, que estava desaparecido há muito tempo, foi descoberto por um piloto de helicóptero que estava sobrevoando o local e avistou algo diferente no gelo, enquanto entregava suprimentos para um refúgio em Matterhorn. Em 2022, o derretimento do gelo acabou mudando até a fronteira entre a Suíça e a Itália. A fronteira entre os dois países havia sido estabelecida numa divisão onde o ponto em que a água derretida desce em direção a um país ou outro. Assim, o recuo da geleira mostrou que a posição da divisão havia mudado.
As geleiras alpinas são consideradas reservatórios de gelo fundamentais para o meio ambiente da Europa. No período do inverno a neve armazenada nos montes consegue encher os rios europeus como o Reno e o Danúbio, ajudando a fornecer água para as plantações ou até mesmo para resfriar usinas nucleares. A água que acaba derretendo também esfria os rios, sem esse efeito de resfriamento, a água fica muito quente, e os peixes morrem por conta da temperatura.