No município de Ermo, em Santa Cataria, uma juíza suspendeu o resultado de um concurso de beleza ocorrido durante uma festa temática, após uma candidata transsexual ter acusado um dos jurados, um deputado estadual, de cometer um ato transfóbico. A defesa da modelo Luiza Maciel Inácio, afirmou publicamente que a intenção do recurso não era cancelar o concurso e sim rever as notas feitas pelo deputado estadual acusado, Jessé Lopes (PL-SC).
"O que pedimos foi a desconsideração das notas, jamais pedimos a anulação do concurso. Mas a juíza entendeu que seria melhor suspender o concurso todo. Nosso intuito nunca foi prejudicar candidata A, B ou C. Ela não tem nada contra as candidatas. Foi mérito", explica a defesa da candidata, o advogado Thauan Maia de Moraes. O concurso era para eleger a "Rainha" da Festa do Agricultor de Ermo.
O deputado estadual acusado de transfobia, que havia sido escolhido para ser um dos jurados do concurso, fez publicações em suas redes sociais, onde o mesmo expõe um discurso transfóbico disfarçado de opinião, usando imagens da garota. A publicação continha a seguinte frase: "que um homem biológico tiraria o lugar das mulheres de verdade no concurso e que a autora ganharia o título somente em nome da lacração esquerdista", afirma as provas mostradas pela defesa de Luiza.
A juíza responsável pelo caso alegou que "a atuação do jurado Jessé Lopes prejudicou a parte autora". A magistrada concluiu em sua fala que o deputado usou em sua avaliação com Luiza, um "critério que, além de preconceituoso, não está incluso no Edital do Concurso".
O advogado da vítima também expõe que o município cometeu um erro em convidar um membro para ser jurado, sendo que "já havia se manifestado publicamente sobre a candidata" e pede para que a organização do evento seja responsabilizada. Na última quinta-feira (20), a Prefeitura publicou uma nota afirmando que o deputado havia sido convidado para se juntar a banca de jurados antes das publicações, e que "todos os meios jurídicos e cabíveis ao caso, estão sendo tomados pela Administração Municipal de Ermo".
"Frisa-se novamente, a Administração Municipal, manifesta que sempre assegurou à Candidata Impugnante os mesmos direitos e garantias das demais Candidatas, não procedendo, em nenhuma oportunidade, qualquer tipo de tratamento discriminatório ou diferenciado", conclui em nota.
Após o desenrolar das acusações, o deputado resolveu se pronunciar publicamente em seu Instagram, afirmando que sua avaliação foi dada "independente de eu concordar ou não com a participação de pessoas trans nesses concursos". Para ele, a candidata acabou sendo "prepotente" no pedido "ao se achar prejudicada por causa de um jurado, sendo que éramos em cinco".