Chuvas e alagamentos voltam a castigar moradores de Porto Alegre

Poucos dias após retorno para casa, famílias das ilhas de Porto Alegre são afetadas por chuvas e aumento do nível dos rios

Chuvas voltam a afetar Porto Alegre | Bruno Peres / Agência Brasil
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Desde a madrugada desta quarta-feira (19), a região metropolitana de Porto Alegre enfrenta intensas chuvas, causando preocupação entre os moradores das áreas de risco. Nos bairros da zona norte, como Humaitá e Navegantes, a água voltou a invadir algumas residências.

Residências são novamente atingidas por chuvas (Bruno Peres)

O que aconteceu

Poucos dias após retornarem para casa, após as enchentes de maio, famílias das ilhas de Porto Alegre e de bairros afetados estão novamente lidando com o aumento dos níveis dos rios. No município de Eldorado do Sul, um dos mais atingidos, 5,4 mil pessoas precisaram abandonar suas casas devido ao risco de inundação, e 115 delas foram acolhidas em abrigos públicos.

Mais chuvas

De acordo com a Defesa Civil da capital, entre meia-noite e 14h de hoje, choveu entre 64 e 79 milímetros (mm) em Porto Alegre. O nível do Lago Guaíba atingiu 3,12 metros (m) pela manhã, próximo da cota de alerta, que é de 3,15 m, e da de inundação, que é de 3,6 m.

Desejo de mudar

Cleci Terezinha Elesbao, cuidadora de crianças de 49 anos, voltou para sua casa no bairro Humaitá há apenas uma semana, após a inundação de maio. Ela havia começado a recompor os móveis com doações que recebeu. "É triste. Tinha tudo dentro da minha casa. Levo a vida toda para construir. Me dá vontade de chorar, mas não adianta. Aqui não quero morar mais. Se eu tivesse uma oportunidade para sair daqui, eu iria", desabafou Cleci.

Medo

A aposentada Dileta Frazon, de 65 anos, enfrenta situação semelhante. Moradora há 23 anos no bairro Navegantes, ela viu sua casa alagar novamente nesta quarta-feira, apenas 11 dias após retornar depois das chuvas de maio. "A gente fica com medo. Não vai parar mais. Não fizeram nada ainda. Cada chuva vai ser pior, vamos ficar sem dormir. Vamos procurar um lugar mais confortável e mais alto, mas não pode ser no morro para não desmoronar", disse Dileta, que espera ajuda dos governos para conseguir outra residência.

Rio voltou a subir

Na Ilha de Pintada, onde o nível do Rio Jacuí subiu novamente, os moradores estão apreensivos. O cenário é de destruição, com montanhas de entulho, casas destruídas e carros virados. Daiane Azevedo Cabral, de 41 anos, perdeu sua casa na enchente de maio e relata o desespero diante da possibilidade de o rio subir novamente. 

Daiane Azevedo perdeu sua casa em maio (Bruno Peres)

"Eu estou com meus bichos tudo ali. Imagina eu sair de bote, carregar tudo de novo. Eu nasci e me criei aqui. Por isso que dói. Eu amo demais esse lugar", comentou Daiane, que apesar do apego, não quer mais morar próximo ao Rio Jacuí. "Eu gostaria de ter uma casa em outro lugar e fazer pelo menos um espaço rústico aqui", afirmou.

Sem informações

O marido de Daiane, Ricardo Sauer, de 53 anos, que é motorista de aplicativo, lamenta a falta de informação sobre como conseguir ajuda do governo para procurar outra residência. "Não temos informação", disse Ricardo.

Juarez Cesar Coelho e o que ficou do carro (Bruno Peres)

Morador vai ficar em Pintada

Juarez Cesar Coelho, de 69 anos, vizinho de Daiane, se emocionou ao falar do futuro e disse que não pensa em sair da Ilha de Pintada. Em maio, ele foi resgatado de helicóptero do telhado de sua casa. "A vida é essa aí, não adianta. Tem que viver para sofrer. Eu perdi tudo, casa, carro", contou Juarez.

Alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de tempestade para grande parte do Rio Grande do Sul, válido até a noite de hoje. Em São Leopoldo, a Defesa Civil alertou sobre o aumento do nível do Rio dos Sinos. Desde o último fim de semana, fortes chuvas têm atingido o estado, causando alagamentos em municípios como Montenegro e Igrejinha. (Fonte: Agência Brasil)

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