Após enterro, família descobre que idoso foi atropelado por van escolar

Motorista não prestou socorro e ainda desviou do sapato da vítima

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O idoso Oscar Jose Stella, de 79 anos, morreu após ser atropelado por uma van escolar em frente à casa onde morava, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. A câmera de segurança da residência de um sobrinho dele registrou o acidente. O motorista do veículo andou de ré por toda a rua, que é sem saída, atropelou o homem e continuou dando a ré, arrastando o idoso, até parar em frente à casa de outro morador, o eletricista Adilson Nunes Ferreira.

O morador pagou a mensalidade do transporte ao condutor e retornou à residência, sem perceber que o idoso tinha sido atropelado. Ao ir embora, o motorista desviou os sapatos da vítima e a sacola com pães que ela carregava. O acidente aconteceu às 12h40 de sexta-feira (12).

A primeira pessoa a ver o idoso caído na rua foi o sogro do eletricista, logo depois de a van ir embora. Ele chamou o genro e o carregaram até a casa onde a vítima morava, na frente do local onde ficou caído. ?Não vi. Depois que meu sogro me chamou, ele que viu o Seu Oscar ali caído. Levamos para a casa dele. Parecia tombo. Se soubesse que era atropelamento, teria chamado socorro. Jamais teria removido?, afirmou Ferreira.

Ele ainda contou que Oscar estava consciente, porém não se lembrava do que havia acontecido. ?Disse que não precisava chamar a ambulância porque a irmã dele faria um curativo?. Segundo Ferreira, o motorista do automóvel estava normal, não aparentava nervosismo. O eletricista relatou que, aproximadamente, oito crianças estavam dentro da van no momento do acidente e que todos os dias o veículo passa na rua no mesmo horário.

Fratura exposta

O idoso foi levado ao Hospital Evangélico, na capital paranaense, e morreu cerca de três horas depois do acidente. De acordo com o hospital, a causa da morte foi traumatismo craniano e parada cardiorrespiratória. Um dos sobrinhos da vítima relatou que o tio ainda teve fratura exposta no joelho e fratura na bacia.

Quatro irmãs e vários sobrinhos de Oscar moram na mesma rua onde ela vivia. Eles velaram e enterram o corpo acreditando que o idoso tinha caído. Somente no sábado (13), depois assistirem ao vídeo, eles descobriram o que havia acontecido. ?Não conseguia me conformar e fui ver as imagens. Confirmei minha desconfiança?, explicou Stella. Ele não acreditava que o tio tinha apenas caído devido aos ferimentos.

O delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios, contou que a família chegou a procurar a polícia para registrar o óbito, pois esse é um procedimento de praxe. Ele disse ainda que pretende ouvir os familiares de Oscar. Após os depoimentos, ele deve encaminhar o caso para a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), que vai conduzir as investigações.

Desejo de viver

?Ele falava que ia viver até os 95 anos?, disse outro sobrinho do idoso, Rafael Torres. Para ele, a imprudência do motorista é o que mais o deixa indignado. ?Ele deu uma ré de 200 metros. Teve a frieza de desviar a sacola de pão e o sapato, e não prestar socorro?. No sábado, Torres procurou o condutor da van, que também é vizinho e mora em uma rua próxima. ?Alegou que ficou surpreso, que sentiu ter batido em alguma coisa, mas que não viu nada. Ele disse que até perguntou para as crianças da van se elas tinham visto alguma coisa, mas elas disseram que não?. Torres relatou que no sábado, quando foi à casa do motorista, observou que a traseira da van estava amassada.

Quem acompanhou a vítima até o hospital foi uma das irmãs, Isabel Stella. Ele foi atendido e transportado pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). ?Fui com esperança de fazer uma sutura e voltar para casa. Mas não foi assim?. Ela contou que o irmão não se lembrava do que tinha acontecido. ?Não sei se tropecei. Foi isso que ele disse?.

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