Gilberto Silva assemelha-se àqueles guias que conduzem aventureiros por sinuosas trilhas na mata fechada. Se os adversários bloqueiam os caminhos óbvios, o experiente volante transforma seus passes no facão com o qual corta a densa vegetação, desvendando os atalhos para dirigir a bola ao caminho desobstruído.
Em dois jogos pelo Grêmio, o camisa 3 tricolor demonstrou a técnica aprimorada durante os dez anos de carreira na Europa. Combate com elegância, e dá início à transição ofensiva de forma precisa.
Contra Cruzeiro e Coritiba, Gilberto Silva somou 67 passes executados, dos quais 63 encontraram como destino os pés de algum companheiro de Grêmio. Apenas quatro passes foram interceptados por adversários, alcançando média de 94% de acerto neste fundamento.
Nestas duas partidas Gilberto Silva também realizou onze desarmes, seja com roubada de bola direta na marcação ao adversário, ou então recuperando a posse de alguma outra forma.
Curiosamente, além da qualidade agregada pelo jogador de 34 anos, pentacampeão mundial pela Seleção Brasileira, o Grêmio também contou com uma coincidência de sorte: ele marcou sobre o Coritiba um gol em seu primeiro jogo no Estádio Olímpico desde sua contratação, da mesma forma como fizera um gol na despedida em casa pelo Panathinaikos.
Foi em 23 de maio. No último jogo frente à torcida do clube grego, Gilberto Silva determinou o 1 a 0 sobre o Paok, em jogo marcado pela despedida emocionada - torcedores levaram ao estádio uma faixa em português com a frase "Muito obrigado por tudo, grande Gilberto Silva".