SEÇÕES

Absolvição no caso Ninho do Urubu provoca revolta nas redes sociais

Decisão da Justiça do Rio inocentou sete réus pelo incêndio que matou dez jovens do Flamengo em 2019; usuários lamentaram impunidade e relembraram vítimas.

O local atingido pelo incêndio no Ninho do Urubu, em 2019, que matou dez atletas da base do Flamengo | Foto: Pablo Jacob/O GLOBO
Siga-nos no

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver os sete réus do processo sobre o incêndio no Ninho do Urubu, que matou dez jovens das categorias de base do Flamengo em 2019, causou grande revolta nas redes sociais nesta terça-feira (22). A sentença, assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal, destacou “ausência de demonstração de culpa penalmente relevante” e a “impossibilidade de estabelecer um nexo causal seguro entre as condutas individuais e a ignição do fogo”.

A notícia rapidamente tomou conta das redes, com milhares de publicações questionando o resultado do julgamento e cobrando justiça. Um dos comentários mais compartilhados dizia: 

Em qual lugar do mundo NINGUÉM seria responsabilizado por uma tragédia como aquela?” Outro internauta lembrou o tempo decorrido desde o incêndio: “O ano era 2019. 10 crianças perderam suas vidas, 7 réus foram julgados. Em 2025, todos foram absolvidos. Justiça é o que menos temos no Brasil.”

VEJA ALGUMAS PUBLICAÇÔES:

Justiça contestada

A decisão, que encerra um dos processos criminais mais emblemáticos do país nos últimos anos, gerou indignação não apenas entre torcedores, mas também entre familiares das vítimas e figuras públicas. Muitas postagens lembraram que os adolescentes morreram em contêineres usados como alojamento, uma estrutura improvisada, sem alvará de funcionamento e sem condições adequadas de segurança.

Também houve críticas diretas ao Flamengo. Usuários afirmaram que o clube “saiu ileso” de uma tragédia que poderia ter sido evitada. Em meio às manifestações, várias homenagens foram feitas às vítimas, com fotos e mensagens de saudade, ressaltando a juventude e os sonhos interrompidos dos meninos do Ninho.

Quem foram os réus

De acordo com informações do UOL, a lista de absolvidos inclui Márcio Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo entre 2017 e 2020; Marcelo Maia de Sá, ex-diretor adjunto de patrimônio do clube; e os engenheiros Danilo Duarte, Fabio Hilário da Silva e Weslley Gimenes, todos da empresa NHJ, responsável pelos contêineres utilizados como dormitórios.

Também foram absolvidos Cláudia Pereira Rodrigues, que assinou os contratos com a NHJ, e Edson Colman, sócio da Colman Refrigeração, empresa que fazia a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. Todos respondiam por incêndio culposo qualificado com resultado de morte de dez pessoas e lesão corporal grave em outras três.

Relembre o caso

O incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo localizado em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, ocorreu em 8 de fevereiro de 2019. As chamas atingiram o alojamento onde dormiam os jovens atletas da base. Dez deles morreram e três ficaram feridos.

Incêndio atingiu o alojamento do Flamengo, no Ninho do Urubu, na Gávea. — Foto: Reginaldo Pimenta / Raw Image 

VÍTIMAS

As vítimas foram: Athila Paixão (14 anos), Arthur Vinícius (14), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (14), Jorge Eduardo Santos (15), Pablo Henrique (14), Rykelmo de Souza (16), Samuel Thomas Rosa (15) e Vitor Isaías (15).

Segundo as investigações, o incêndio começou com um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado, que permaneciam ligados 24 horas por dia. O fogo se espalhou rapidamente por causa do material inflamável dos contêineres. À época, a Prefeitura do Rio confirmou que o centro de treinamento não possuía alvará de funcionamento, o que levantou questionamentos sobre negligência e responsabilidade institucional.

Tópicos
Carregue mais
Veja Também