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Rotação da Terra em risco? China planeja nova obra de proporções planetárias

Apesar de os efeitos sobre a rotação e o eixo do planeta parecerem insignificantes no cotidiano das pessoas, a proposta já levanta alertas entre especialistas e comunidades locais.

China prevê a construção de cinco grandes barragens em uma região estratégica entre Bangladesh, Índia e Tibete. | Foto: Reprodução
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Em 2012, o mundo testemunhou um feito impressionante da engenharia chinesa com a inauguração da Barragem das Três Gargantas, no rio Yangtzé. Com ela, cerca de 39 a 40 bilhões de metros cúbicos de água foram represados, provocando uma redistribuição significativa da massa terrestre.

Esse gigantesco armazenamento de água teve consequências surpreendentes: houve um leve aumento de 0,06 microssegundos na duração do dia e um deslocamento do eixo da Terra em cerca de 2 centímetros. Os cálculos que identificaram esse impacto foram liderados pelo geofísico Benjamin Fong Chao, da NASA.

Agora, mais de uma década depois, a China pretende repetir – e superar – o feito. Um novo projeto, avaliado em US$ 167 bilhões, foi anunciado e prevê a construção de cinco grandes barragens em uma região estratégica entre Bangladesh, Índia e Tibete. A geração estimada de energia é de 300 bilhões de kWh por ano, quase três vezes o potencial da Três Gargantas.

Apesar de os efeitos sobre a rotação e o eixo do planeta parecerem insignificantes no cotidiano das pessoas, a proposta já levanta alertas entre especialistas e comunidades locais. As preocupações envolvem não só o impacto ambiental, mas também possíveis consequências geofísicas em uma escala global.

Isso porque a rotação da Terra está diretamente relacionada ao seu momento de inércia. Quando grandes volumes de água são deslocados ou armazenados artificialmente, esse momento é alterado, fazendo com que a rotação diminua ligeiramente — e, com isso, os dias fiquem um pouco mais longos.

O que pode mudar

Ainda que 0,06 microssegundos a mais por dia não afete a vida humana diretamente, essa pequena diferença é relevante para sistemas de alta precisão, como GPSs, relógios atômicos, instrumentos de navegação e até observações astronômicas. Em outras palavras, há sim um impacto técnico mensurável.

Diante desse cenário, fica o alerta deixado pela Barragem das Três Gargantas: grandes obras de infraestrutura têm o poder de influenciar o equilíbrio do próprio planeta. Com uma nova megaestrutura em andamento, a dúvida que paira é se estamos preparados para lidar com os efeitos colaterais da engenharia em escala global. O mundo, mais uma vez, observa com atenção os próximos passos da China.

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