Se baratas têm aparecido com frequência no ambiente doméstico, isso deve acender um sinal de alerta. Apesar de serem insetos comuns, a ciência aponta que sua presença contínua não é apenas desagradável: ela pode indicar que o equilíbrio da casa está comprometido.
A biomédica Mariana Eclissée explica que as baratas não surgem espontaneamente; elas são atraídas por condições específicas que favorecem sua permanência. Entre os principais fatores estão restos de alimentos, acúmulo de umidade e frestas mal vedadas. “Elas são especialmente frequentes em locais com lixo exposto, gordura acumulada ou água parada”, afirma.
Situações simples do dia a dia, muitas vezes ignoradas, podem criar um ambiente ideal para a proliferação desses insetos. Mais do que um incômodo pontual, a presença frequente de baratas geralmente revela problemas estruturais ou de limpeza. “Quando elas aparecem repetidamente, normalmente há algum desequilíbrio — seja no manejo de resíduos, na vedação de pontos de entrada ou até na manutenção do imóvel”, acrescenta a especialista.
O risco, no entanto, ultrapassa o desconforto visual. Segundo Mariana Eclissée, as baratas representam uma verdadeira ameaça biológica dentro de casa. Esses insetos circulam por ambientes sujos, como esgotos e lixeiras, e carregam em seu corpo micro-organismos patogênicos. “Elas podem espalhar bactérias, fungos e vírus ao entrar em contato com alimentos, utensílios ou superfícies”, explica.
Além disso, o corpo da barata — incluindo fezes, saliva e fragmentos de asas — pode desencadear ou agravar alergias respiratórias. Crianças, idosos e pessoas com rinite ou asma estão entre os mais afetados. “Esses resíduos são altamente alergênicos e podem comprometer a saúde de quem já é sensível”, alerta a biomédica.
O perigo também está nas doenças que esses insetos podem disseminar. As baratas atuam como vetores mecânicos de infecções como salmonelose, disenteria e gastroenterites, já que transportam bactérias como Salmonella, Escherichia coli e Shigella. “Elas não picam nem mordem, mas o problema é o que carregam. Como se escondem em locais escuros e pouco acessíveis, muitas vezes estão contaminando o ambiente sem que percebamos”, completa Mariana.