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Morte de Sebastião Salgado: por que suas fotografias eram todas em preto e branco?

O renomado fotógrafo mineiro, faleceu aos 81 anos em Paris e era conhecido especialmente por obras com temática ambiental e social

Sebastião Salgado e a edição de luxo de “Genesis”, encadernado em couro e tecido | Foto: Reprodução
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Considerado um dos maiores profissionais da fotografia em todo o mundo, o fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris.

Conhecido especialmente por obras com temática ambiental e social, seu trabalho era inteiramente com fotos em preto e branco. Natural de Aimorés (MG), Salgado fotografou em mais de 100 países.

POR QUE O PRETO E BRANCO?

Segundo informações do Terra Brasil, À RFI Brasil, Sebastião explicou, em 2017, o motivo de não ter trabalhos coloridos. "Não experimento com cores", começou.

Meu mundo é preto e branco, eu vejo em preto e branco, eu transformo todas essas gamas maravilhosas de cores – e eu acho a cor muito bonita – em gamas maravilhosas de cinza, o preto e branco é uma abstração, é uma forma que eu tenho de sair de um mundo e entrar em outro para poder trabalhar o meu sujeito fotográfico, poder dedicar tempo à dignidade das pessoas. Isso eu consigo em preto e branco, acho que em cores eu não conseguiria.

USO DE CORES NÃO CONVÉM 

Em 2014, no livro Da minha terra à terra, biografia do fotógrafo escrita por ele próprio em parceria com a autora Isabelle Francq, chamou o uso de cores de "inconveniente".

Não preciso do verde para mostrar as árvores, nem do azul para mostrar o mar ou o céu. A cor pouco me interessa na fotografia. Utilizei-a no passado, essencialmente por encomenda de revistas, mas a meu ver ela representava uma série de inconvenientes.

Ele explicou como o processo fotográfico que utilizava antes da fotografia digital -- e com o qual se familiarizou -- o fez optar pelo preto e branco. "Com o filme em preto e branco era possível fazer superexposições e depois recuperar as fotografias em laboratório, até chegarmos exatamente ao que sentíramos no momento do clique. Na fotografia em cores isso era impossível (...) Quando editava fotografias analógicas em preto e branco, eu revivia os acontecimentos tão intensamente quanto no momento do clique", pontuou.

O fotógrafo, que deixa hoje um legado, também afirmou no livro que o uso exclusivo do preto e branco representava dificuldades em determinado momento.

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