Há cerca de 10 anos, um biólogo marinho encontrou um ser estranho crescendo nos manguezais do caribe. Esse organismo desconhecido crescia na forma de longos filamentos finos sobre folhas em decomposição. Mas levou cinco anos pra que Olivier Gros e sua equipe se dessem conta: eles estavam diante de uma bactéria. E uma das grandes.
Só agora essa espécie foi completamente caracterizada. A descoberta foi publicada como pré-print na revista bioRxiv, e ainda não passou pela revisão da comunidade científica, mas foi recebida com empolgação.
A nova bactéria tem uma única célula que cresce até 2 centímetros de comprimento e pode ser visível a olho nu. Ela é cerca de cinco mil vezes maior que a maioria dos outros micróbios, e empurra o limite superior de tamanho que os cientistas conheciam em cerca de dez vezes.
Além disso, ela tem uma estrutura muito mais complexa que o esperado. O material genético dela, por exemplo, não está completamente livre como nos demais procariotos, mas envolto em uma membrana. A inovação pode ter relação com o processo de evolução das espécies.
Estratégia evolutiva
Outra membrana forma um saco que se enche de água, e pode ser o motivo da bactéria crescer tanto. Durante muito tempo se pensou que havia um limite de tamanho para elas porque seu metabolismo depende da difusão das moléculas que percorrem distâncias muito pequenas sozinhas.
Mas em 1999 foi descoberta uma espécie gigante na Namíbia que mudou essa concepção. Esse ser unicelular encontrou uma maneira peculiar para expandir seus limites: desenvolveu uma membrana interna cheia de água que ocupava a maior parte do espaço interior da célula e empurrava as organelas para as paredes exteriores.
Essa é a mesma estratégia usada por muitas outras bactérias descobertas desde então, inclusive a nova do mangue caribenho. Uma análise genética revelou que ambas possuem muito em comum, e por isso foram classificadas no mesmo gênero.
A espécie descoberta agora foi batizada deThiomargarita magnifica. O DNA dela revelou conter 11 milhões de bases e cerca de 11 mil genes claramente distinguíveis, aproximadamente 3 vezes maior que o genoma de bactérias comuns.
“Muitas vezes, as bactérias são consideradas formas de vida pequenas, simples e não evoluídas”, diz o microbiologista Chris Greening à revista Science. “Mas esta bactéria mostra o quanto isso está longe da verdade.”
Com informações R7