Depois da legalização da maconha no Canadá, um dado chamou a atenção da comunidade científica: o número de casos de esquizofrenia ligados ao transtorno de uso de cannabis (TUC) triplicou. Esse transtorno ocorre quando a pessoa consome a droga de forma compulsiva, a ponto de comprometer a própria rotina e saúde mental.
A constatação veio de um amplo estudo realizado pelo Ottawa Hospital Research Institute. Os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 13,5 milhões de pessoas, com idade média de 39 anos, entre 2006 e 2022 — período que inclui os anos anteriores e posteriores à liberação da maconha para uso recreativo, aprovada no país em 2018. Antes da legalização, 3,7% dos diagnosticados com TUC desenvolveram esquizofrenia; depois da liberação, o índice subiu para 10,3%.
O que já se sabia sobre a relação entre cannabis e esquizofrenia
Diversos estudos anteriores já indicavam que a maconha poderia agravar ou até mesmo desencadear a esquizofrenia em pessoas predispostas geneticamente à doença. No entanto, essa foi a primeira pesquisa a confirmar a associação em larga escala, reforçando os alertas sobre os riscos do consumo abusivo.
Apesar disso, especialistas destacam que, para a população em geral, o risco ainda é considerado relativamente baixo. Mesmo com o aumento significativo de diagnósticos de TUC após a legalização, a taxa de incidência permaneceu modesta: 4,6 casos a cada 1.000 habitantes, o equivalente a 0,46% da população.